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Inclusão na prática: como a educação transforma a realidade de pessoas com deficiência

Desde os primeiros anos de vida, as crianças com deficiência e suas famílias lutam para fazer valer os seus direitos. Dentro do sistema educacional, isso não é diferente. Contudo, essas histórias também podem ser exemplos de como a inclusão verdadeira pode transformar vidas, fornecendo esperança e abrindo caminhos para um futuro mais igualitário e respeitoso.

Aos 2 anos e 11 meses, Júlia começou sua jornada na Escola Iracema Prado da Silva, na cidade de Santa Luzia. Naquela época, a menina que possui paralisia cerebral não-progressiva era uma criança dependente e introvertida, com dificuldades na socialização. No entanto, com o passar dos dias, essa realidade mudou.

O processo de adaptação não foi fácil, pois a educação inclusiva ainda enfrenta desafios significativos, principalmente em relação à recepção e acolhimento das crianças e suas famílias. Frequentemente, as instituições carecem de informações e apoio profissional adequados para promover a inclusão, sobretudo porque é necessário adaptar o ambiente e a matriz escolar para que as crianças com deficiência possam se desenvolver.

Para Cristiane Macário, mãe da menina, a inclusão começa em casa, onde a família enfrenta os todos os desafios políticos, sociais e econômicos para providenciar tudo o que é necessário e garantir o conforto da criança. Além disso, o processo de aceitação e compreensão dessas necessidades pode ser longo e tortuoso para os pais, que precisam, paralelamente, auxiliar os filhos e lutar pelos seus direitos.

Cristiane, uma mulher parda sorri ao lado da filha, Julia. A menina está vestida com uma blusa de estampa xadrez vermelha, branco e preta, e um laço vermelho no cabelo.
Cristiane e Júlia. / Arquivo pessoal

ALÉM DA LEGISLAÇÃO

Apesar de o direito à inclusão ter sido conquistado por lei, os desafios ainda são vivenciados diariamente. Nem todas as escolas da rede pública de Santa Luzia, onde Julia mora, estavam preparadas para receber a menina, tornando o trabalho da família ainda mais intenso. Cristiane compreende que isso ocorre porque o Governo não se prepara adequadamente para receber crianças com deficiência em todas as escolas.

Cristiane afirma que não adianta que a instituição de ensino possua uma boa infraestrutura se não houver receptividade em relação à família e à criança com deficiência. Por isso, as escolas pelas quais Julia passou tem grande valor para sua mãe: todos foram acolhedores desde o início e fizeram esforços para compreender Júlia e sua família.

Felizmente, hoje em dia, aos 8 anos de idade, Júlia encontrou um ambiente receptivo em outra escola da rede municipal, onde os profissionais envolvidos se esforçam ao máximo para que ela possa participar plenamente das atividades junto de seus colegas, sobretudo do processo de alfabetização, que tem sido a sua maior dificuldade atualmente.

Na sala de aula, além da professora e os colegas, Júlia conta com o auxílio de uma profissional de apoio, que a auxilia nas tarefas e fica ao seu lado durante todo o dia. Com o tempo, tudo se encaixou perfeitamente. Cada detalhe foi pensado pela coordenação do colégio para garantir o conforto e a comodidade de Júlia, desde a localização estratégica da sala de aula, que é próxima ao banheiro e ao bebedouro, até as atividades lecionadas pela professora, que podem ser adaptadas de acordo com o tempo de aprendizado dela.

A mudança proporcionada pela escola foi extremamente positiva. Júlia ganhou sociabilidade e independência, tornando-se muito querida pelos seus colegas, que buscam se aproximar, brincar e ajudar diariamente. Para sua família, esse é o verdadeiro significado de inclusão: colocar uma criança com deficiência em uma escola regular e proporcionar a ela uma infância como a de qualquer outra criança.

Júlia, menina parda de longos cabelos escuros penteados em duas tranças. Ela está sentada à mesa brincando com um ábaco colorido.
Júlia em atividade na Sala de Recursos de sua escola. O ambiente foi criado para auxiliar o desenvolvimento das crianças. / Arquivo pessoal

No entanto, Cristiane compreende que alguns pais optem por escolas exclusivas, uma vez que vivemos em um mundo marcado pelo preconceito e pela falta de conhecimento, onde crianças com TDAH, TEA e outras condições são rotuladas como “doidas” ou “mimadas”. Além das questões emocionais que estão envolvidas no enfrentamento do capacitismo, pode ser mais fácil para as famílias procurarem ambientes onde existe a certeza de que os profissionais ali serão especializados na educação para pessoas com deficiência.

SUPERAR É PRECISO

A jornada não é fácil. É preciso superar obstáculos diariamente, combater o preconceito e buscar a inclusão plena em todos os aspectos da vida. Cristiane sentiu medo, mas ao perceber o potencial de sua filha, não teve dúvidas de que ela deveria estar presente na sociedade, lutando por seus direitos e sendo respeitada como qualquer outra criança.

Júlia é uma verdadeira inspiração! Ela encontrou seu lugar na escola, onde se sente amada e acolhida. Sua história é um exemplo vivo de como a inclusão verdadeira pode transformar vidas e abrir caminhos para um futuro mais igualitário e respeitoso.

Em meio a tantas questões, a inclusão de crianças com deficiência em classes comuns na rede de ensino é um avanço importante. Ainda há muito a ser feito, mas é preciso seguir trabalhando para garantir uma educação digna que alcance a todos os alunos, independentemente de suas limitações, construindo uma sociedade mais justa e inclusiva.

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Conteúdo produzido por Kimberlly Pereira e Wilson Saraiva na disciplina Laboratório de Jornalismo Digital e Jornalismo de Dados, sob a supervisão da professora e jornalista Maiara Orlandini.

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Colab PUC Minas

Colab é o Laboratório de Comunicação Digital da FCA / PUC Minas. Os textos publicados neste perfil são de autoria coletiva ou de convidados externos.

2 comentários

  • Essas duas são exemplos para vida de todo ser humano. A criança linda e carinhosa, Juju tem uma força, uma vontade de aprender que supera as nossas expectativas, a mãe pelo exemplo de ser MÃE, lutadora pelos direitos, pela alegria da filha, por tudo que faz por ela, tenho muito orgulho de ter feito parte de um pouquinho dessa história.

  • Agradecida aos envolvidos pela oportunidade , de apresentar a Júlia para a sociedade. Inclusão, e um assunto pouco abordado pelas instituições. Parabéns!!