No bairro Itapoã, região norte de Belo Horizonte, histórias de superação e inclusão ganham vida no Centro de Desenvolvimento Down (CDDOWN). Fundada em 1993 por Inir Carneiro Neves dos Anjos, uma mãe dedicada a criar um espaço de convivência para sua filha Dulcinéia, hoje com 50 anos, a instituição é um exemplo de como a dedicação e a empatia podem transformar vidas.
O CDDOWN é uma instituição sem fins lucrativos que atende pessoas com Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiência intelectual. A instituição oferece atividades terapêuticas, lúdicas e culturais, promovendo inclusão, autonomia e socialização. Atualmente, a sede está localizada em um imóvel adaptado no bairro Itapoã, onde 20 assistidos, com idades a partir de 18 anos, participam de atividades como musicoterapia, teatro, dança, capoeira, arte e recebem acompanhamento psicológico e social. No espaço, os alunos encontram apoio e acolhimento para serem quem são e construir novas amizades.
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O legado de Inir Neves no CDDOWN
Inir queria criar um ambiente onde pessoas com Síndrome de Down e deficiência intelectual pudessem conviver, aprender e florescer. Mesmo após sua partida, aos 82 anos, em 2023, seu legado de Inir continua vivo, guiando cada atividade, cada sorriso e cada conquista dos assistidos. Atualmente, a coordenação do CDDOWN é composta por Cleusa Benfica, Viviane Rocha e Márcia de Souza Pinho.
Apesar dos avanços, o CDDOWN enfrenta desafios como a exclusão social dos assistidos, a escassez de políticas públicas específicas e a dificuldade de encontrar profissionais especializados. A exclusão no envelhecimento, a perda de referências familiares e as mudanças na saúde são questões que exigem atenção contínua.
Para enfrentar essas barreiras, a instituição desenvolve iniciativas como o projeto “Cuidar de Quem Cuida”, que oferece suporte emocional e físico às famílias dos assistidos, ajudando-as a lidar com as especificidades do cuidado e os desafios do envelhecimento. Marli das Graças Rezende, 69 anos, irmã de Anízio, aluno da instituição, resume a importância do projeto em sua família:
Minha vida e a do meu irmão mudaram para sempre. Ele está mais feliz, mais confiante. Não conseguimos mais imaginar nossas vidas sem o CDDOWN”.
Marli das Graças Rezende, irmã de Anízio
Para Fernanda Mendes, de 43 anos, o CDDOWN é mais do que um projeto: é um espaço de felicidade. “Participar das atividades me faz muito feliz”, afirma. Juliana Costa, de 30 anos, concorda e acrescenta: “O CDDOWN é a minha segunda casa. Aqui, eu aprendo, me divirto e faço amigos para a vida toda”. A aluna também é apaixonada pelas aulas de dança, teatro, capoeira e seus professores.
Irene Mendes, de 80 anos, mãe de Fernanda, reforça que sua filha estava deprimida ficando em casa e que ela, idosa, não sabia mais como lidar com a situação. “Minha filha estava deprimida e eu, como idosa, não sabia mais como ajudá-la. Desde que ela começou no CDDOWN, nossas vidas mudaram. Desejo que a instituição prospere e alcance muitas outras famílias”.
Confira o depoimento de Irene:
Múltiplas deficiências em foco
Alexandre de Paula Ribeiro, casado e irmão de Beatriz Ribeiro, que tem Síndrome de Down e está na fase inicial do Alzheimer, relembra com emoção o impacto do CDDOWN em sua vida e na de sua família. Após o período difícil da pandemia, quando as atividades foram interrompidas, Alexandre enfrentou grandes desafios para encontrar apoio tanto para sua irmã quanto para ele e sua esposa, Solange.
“Estávamos em um momento de desespero quando conhecemos o CDDOWN. Nunca, em todos esses anos cuidando da minha irmã, vivi e senti o que experimentei ali. A receptividade dos voluntários foi incrível”, conta ele. A vaga para Beatriz foi garantida imediatamente e, hoje, ela é assistida três vezes por semana.
Um futuro promissor
A vida das pessoas com Síndrome de Down e outras deficiências transcende números e conquistas esportivas, como demonstrado nas Paralimpíadas de Paris 2024, onde o Brasil alcançou 89 pódios, superando os 72 obtidos nos Jogos do Rio 2016 e de Tóquio 2020. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 300 mil pessoas no país têm Síndrome de Down. Essas pessoas geralmente apresentam características físicas como olhos amendoados e rosto arredondado, além de condições de saúde como cardiopatia congênita e deficiência intelectual em diferentes graus de intensidade.
Apesar dos desafios, o CDDOWN segue firme em sua missão de promover a inclusão social. Com o apoio da comunidade e de profissionais dedicados, a instituição sonha em expandir seus serviços e alcançar mais pessoas.
Queremos que o CDDOWN seja um exemplo para outras instituições e que a inclusão seja uma realidade para todos”
Márcia de Souza Pinho, psicóloga e uma das coordenadoras do projeto.
O CDDOWN é mais do que um centro de desenvolvimento: é um símbolo de esperança e um lugar onde sonhos se tornam realidade. A história de cada pessoa que passa por ali é um lembrete de que a inclusão é um direito de todos e que juntos podemos construir um futuro mais justo e igualitário.
Como Contribuir para o CDDOWN
O CDDOWN depende de doações para continuar promovendo inclusão e transformando vidas. Você pode ajudar de diversas formas:
- Doações presenciais: O projeto recebe doações de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na sede localizada na Rua General Ephigênio Ruas Santos, 434, bairro Itapoã, Belo Horizonte.
- Doações via PIX: Centro de Desenvolvimento Down
Chave PIX: 05.763.634.0001-10 - Depósitos ou transferências bancárias:
- Agência: 2938
- Conta Corrente: 0011310-7
Sua contribuição, seja financeira ou material, ajuda a manter as atividades e a oferecer suporte às pessoas atendidas e suas famílias.
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