O carnaval de Belo Horizonte começou oficialmente neste sábado (4). Com a retomada da festa, após dois anos parada devido à pandemia de covid-19, os belorizontinos e visitantes estão animados para encher as ruas da capital. De acordo com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte(PBH), a expectativa é que mais de 200 mil turistas visitem a cidade, movimentando a economia local.
Quem também demonstra animação são os comerciantes, prestadores de serviços e a rede hoteleira. Uma pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) mostra que 74,8% da classe espera melhoria no faturamento. No estudo, pouco mais da metade dos entrevistados afirmam que a ausência dos últimos carnavais impactou no faturamento dos negócios. Confira os índices de expectativa dos bares, restaurantes, comércios, serviços e hotelaria para o evento:Rodrigo Cançado, de 49 anos, é diretor do Hotel Intercity BH Expo, hospedagem oficial do evento privado We Love Carnaval, que acontece de 18 a 21 de fevereiro no Expominas, e conta com grandes atrações da música, como Ivete Sangalo, Luísa Sonza e Alok. Ele revela que a nova parceria com o evento pode proporcionar experiência única para os hóspedes, sendo positiva para os negócios, tendo em vista que a expectativa é que 15 mil pessoas passem pela festa por dia. “O hotel está muito feliz em ter feito essa parceria, nosso hóspede pode optar por um pacote que engloba o acesso ao camarote da festa, e o transporte até lá é por nossa conta”, ressalta Rodrigo. Para ele, a expectativa é que até o dia 18 de fevereiro o hotel tenha 85% da sua capacidade preenchida, com aproximadamente 450 hóspedes por dia, muito mais que nos anos anteriores da folia. Além disso, Cançado projeta um crescimento de 40% nos lucros do estabelecimento.
Para além das festas privadas, os blocos de rua são o cartão postal da folia na capital mineira. Com 13 anos de história, o Então, Brilha! promete encher o centro de Belo Horizonte arrastando 500 mil carnavalescos desde sua concentração, às 5 horas da manhã do dia 18 de fevereiro, na Avenida Tereza Cristina com Rua Curitiba, até o destino final na Praça da Estação.
O produtor cultural, de 42 anos, também acredita que os blocos de rua movimentam toda a economia da cidade e região metropolitana, com pessoas vindo de vários estados para prestigiar o carnaval belorizontino. Mas, para o comerciante José da Costa, de 64 anos, que há mais de 20 anos tem ponto fixo na Rua dos Guaicurus, próximo ao ponto de partida do Então, Brilha!, é preciso que, além dos blocos que passam pelo local, uma estrutura seja fixada na rua para garantir o agito e, consequentemente, as vendas. “Antes da pandemia, eles fechavam a rua com um palanque e dava movimento todos os dias. Mas, ainda não sabemos se a estrutura será montada este ano”, conta o vendedor.Queremos uma catarse! Estamos trabalhando para isso, após dois anos sem carnaval, com uma pandemia que abalou o mundo, levou milhares de vidas, inclusive de integrantes do nosso bloco, não esperamos nada menos que isso.”
Rubens Aredes, membro do Então, Brilha!
Fora do hipercentro e com um público fiel, o Jeremias Arte&Bar, situado no bairro São Gabriel, região Nordeste de BH, tem uma programação especial de carnaval, com DJs tocando músicas que variam do pop rock ao axé, como também, espaço kids e concurso de fantasias. O Jerê Folia começa neste domingo (5), com ingressos a R$10,00 onde o freguês tem direito a um chopp para entrar no clima da folia. O comerciante Fernando Batista, de 38 anos, conta que o estabelecimento está no bairro há quase sete anos e tem um público estimado de 300 pessoas diárias durante o feriado. “Ano passado fizemos o nosso Jerê Folia, mas o movimento foi abaixo do esperado, creio que em decorrência da pandemia, e ficamos no vermelho. Espero que desta vez tenha lucro”, aposta Fernando.
Créditos: Redes Sociais
As expectativas são altas, mas os foliões estão dispostos a gastar?
A esperança do comércio pelo “boom” nos caixas é grande, mas fica à mercê dos foliões a disposição no bolso para gastar nas ruas belorizontinas. O comerciante Valdez Maranhão, de 65 anos, que tem um restaurante no bairro Lourdes há 17 anos, está esperançoso com a vinda dos turistas para provar pratos típicos da culinária mineira, como também, a tradicional feijoada de seu estabelecimento. “Depois de dois anos sem carnaval em BH, estamos contando com boas vendas, principalmente na hora do almoço”, conta o comerciante. Do outro lado, daqueles que vão desembolsar a grana, o atendente terapêutico Luiz Felipe de Oliveira, de 22 anos, pretende gastar em média R$50,00 por dia. Morador de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, Luiz e seus 11 amigos decidiram de última hora vir curtir a folia belorizontina. “Acredito que tenha me preparado financeiramente, vou somente para blocos de rua e quero aproveitar bastante”, assegura o jovem.
Créditos: Arquivo Pessoal.
Créditos: Arquivo Pessoal.
Os valores descritos pelos foliões estão abaixo do esperado pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SindiHBaRes), com uma previsão média de mil reais por dia, incluindo gastos com alimentação, hospedagem e transporte. Entretanto, o Professor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ulisses dos Santos, 38 anos, esclarece que os comerciantes não precisam se preocupar pois haverá um aumento significativo no consumo e consequentemente nas vendas durante o carnaval. “As expectativas precisam ser ajustadas para algo mais próximo da realidade, os primeiros meses do ano geram custos adicionais para a população, como impostos, matrícula e material escolar, por exemplo. Mas, há também aqueles que estão aguardando muito tempo pelo carnaval e podem ter economizado para gastar neste momento, esta parcela poderá afetar positivamente no comércio”, explica.
Conteúdo publicado em 4 de fev de 2023, às 13h00
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