Desde 2014, o mês de setembro foi escolhido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) para acolher a Campanha de Prevenção ao Suicídio, tendo em vista que no dia 10 deste mês é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O amarelo foi a cor escolhida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido ao impacto do caso de autoextermínio do jovem americano Mike Emme, em 1994, com apenas 17 anos, em seu Mustang amarelo.
O suicídio no Brasil
Enquanto em outros países tem sido observada uma queda no número de suicídios, no Brasil os números aumentam, principalmente entre os jovens. Dois estudos realizados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicados na Revista Brasileira de Psiquiatria revelam que, entre os anos de 2006 e 2015, as taxas de autoextermínio entre adolescentes aumentaram 24% em nosso país. Segundo o psiquiatra Elson Azevedo, um dos coordenadores do estudo, indica na pesquisa, os sentimentos de desesperança e inutilidade podem desencadear o comportamento suicida.
A estudante universitária Luisa Rodrigues, 21, já vivenciou a situação e defende uma abordagem mais aberta e transparente sobre problemas relacionados à saúde mental. Segundo ela, a Campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio é importante, mas o tema deveria ser abordado o ano inteiro e não apenas em setembro, com o objetivo de deixar as pessoas em alerta consigo mesmas e com os outros ao redor.
“Muitas vezes nós deixamos isso passar, não vemos que o outro está sofrendo. Portanto, este é um mês de conscientização para que as pessoas sintam-se mais motivadas a buscarem ajuda ou ajudar alguém”, diz Luisa.
O ônus da pandemia
A psicóloga Liza Fensterseifer alerta que a pandemia de Covid-19 pode acarretar aumento no índice de suicídio por conta de contextos como desemprego, isolamento social, convivência em um lar abusivo, incertezas, entre outras situações de conflito interno. Para aqueles que buscam uma forma de apoio, ela orienta:
“Há registros do “pulling together effect”, um fenômeno que tende a fortalecer a conexão social, por estimular uma compreensão e um apoio mútuo entre as pessoas, no momento em que compartilham experiências de vulnerabilidade (como na pandemia), tornando-se um fator de proteção para o comportamento suicida.”
Liza Fensterseifer, psicóloga.
Luisa concorda que “trocar experiências com as pessoas que já vivenciaram isso é uma forma de ajuda, de entender que você não está sozinho, que você não é louco em estar passando por isso”. Todavia, ela ressalta que cada um sente e vive a situação de uma maneira, e essa singularidade também deve ser compreendida e respeitada.
Prevenção ao suicídio: alguns sinais de alerta
- Isolamento afetivo;
- Sentimento de solidão, desamparo e desesperança;
- Excessiva autodesvalorização, baixa autoestima;
- Aquisição de meios para morrer por suicídio;
- Sentimento de estar em crise existencial;
- Exposições frequentes a situações de risco.
Redes de apoio gratuitas
- Unidade para atendimento psicológico ou psiquiátrico presencial: CAPS – Centros de Apoio Psicossociais ;
- Auxílio telefônico: Linha de ajuda do Centro de Valorização da Vida (188);
- Sites: CVV e Campanha Oficial do Setembro Amarelo ;
- Entidade: Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS).