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Setembro Amarelo: aprendendo a falar sobre suicídio

Mesmo depois de cinco anos da Campanha Setembro Amarelo, a desinformação continua sendo uma barreira à detecção e à prevenção do suicídio.

Sinais que podem indicar intenções suicidas e comportamentos depressivos muitas vezes passam despercebidos ou são minimizados por falta de instrução, o que dificulta a busca por ajuda.

Nesse sentido, o campo da comunicação torna-se essencial na prevenção da prática. No entanto, falar sobre o tema nem sempre é fácil, o que pode desencorajar a sua abordagem. Quando feitas de maneira equivocada, ações de comunicação também podem fomentar o problema.

O Efeito Werther e “13 Reasons Why”

É quase impossível discutir a abordagem do suicídio nas mídias sem mencionar o Efeito Werther e a série “13 Reasons Why”, produzida pela Netflix.

Em 1774, foi publicada a primeira edição do romance “Os Sofrimentos do Jovem Werther“, do alemão Johann Wolfgang von Goethe. A história, que termina com o suicídio de Werther, provocou uma onda de suicídios na Europa, principalmente entre jovens.

A identificação com o protagonista era refletida em suas roupas, comportamentos e, em casos mais graves, na imitação da sua morte. Fenômenos como esse, em que há aumento de casos de suicídio após a divulgação e repercussão do ato, passaram a receber o nome de Efeito Werther.

Em 2017, o debate sobre o Efeito tomou novo fôlego com a estreia da primeira temporada de “13 Reasons Why” na Netflix. A história do suicídio de Hannah Baker, que conquistou de uma grande audiência e fãs, principalmente entre os jovens, foi acompanhada por grandes polêmicas desde seu lançamento.

Impacto da série em números

Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH, da sigla em inglês) em colaboração com hospitais e universidades daquele país, verificou-se aumento de 28,9% na taxa de suicídio de crianças e jovens norte-americanos no mês seguinte ao lançamento da série.

A cena explícita da morte de Hannah, mais tarde removida pela Netflix, também foi alvo de críticas por médicos e profissionais da saúde.

No Brasil, dados do Centro de Valorização da Vida (CVV) confirmaram aumento de 455% no número de e-mails pedindo ajuda após a estreia da série, em 2017.

A romantização do suicídio e da sua vítima é um problema compartilhado por essas narrativas e vai na contramão das recomendações de especialistas. Apesar disso, a série contribuiu para a ampliação do debate sobre o suicídio e demonstrou maior responsabilidade no tratamento da questão nas temporadas seguintes.

Estudo mais recente conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos, da Bélgica e da Áustria aponta que aqueles que assistiram à segunda temporada de “13 Reasons Why” estariam menos propensos a tirarem a própria vida. Isso porque, ao contrário do que acontece nos episódios anteriores, o problema é tratado com maior complexidade e são enfatizadas as consequências do ato para a família e os amigos da vítima.

Manual da OMS

A forma com o tema é tratado na mídia e em produtos de comunicação pode prevenir ou fomentar o suicídio. Portanto, fica evidente a responsabilidade e importância de saber falar sobre a questão com responsabilidade.

Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um manual para os profissionais da mídia, elaborado como parte do SUPRE (Suicide Prevention Program, ou Programa de Prevenção ao Suicídio, em tradução livre), uma iniciativa da organização para a prevenção do suicídio.

A cartilha tem como objetivo reforçar o impacto que a cobertura midiática pode ter nos suicídios e guiar os profissionais no tratamento do assunto.

Setembro Amarelo: o que fazer e não fazer

O que fazer

O que NÃO fazer

Manual é instrumento útil no Setembro Amarelo

O manual, apesar de ser destinado aos profissionais da comunicação, é um recurso para todos e todas. O suicídio é um problema que requer a mobilização da sociedade e a informação é essencial para a prevenção

Referências para estudar:

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