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Apresentação quadrilha São Gererê / Créditos: Aisha Vitoria e Thiago Emanuel.

Arraial de Belo Horizonte chega à 45ª edição em novo local, mas mantendo a tradição

Quadrilheiros e organização do Arraial buscam manter a cultura junina e as tradições do evento

A primeira edição do Arraial de Belo Horizonte ocorreu no ano de 1979, durante o mandato do prefeito Maurício Campos, com o objetivo de reunir quadrilhas já existentes na capital e promover um novo evento cultural na cidade. A festa, que foi um sucesso desde os seus primeiros anos, era inicialmente coordenada pela prefeitura de Belo Horizonte, porém, alguns anos depois, a responsabilidade da organização do evento passou a ser da empresa de turismo Belotur. 

A festança se tornou uma tradição da capital mineira. O presidente da União Junina, Jadison Nantes, acredita que o Arraial de Belo Horizonte seja um dos maiores eventos do Brasil, ainda que nem sempre seja reconhecido assim. Para ele, “a mídia nacional tem um holofote muito voltado ao Nordeste, mas é importante dizer que nós temos um festival que é um dos mais antigos do Brasil, né? Tem 45 anos de história e esse evento é de fundamental importância para a cultura junina” defende  Jadison. 

Da Praça da Estação ao Mineirinho

Durante 44 edições, o arraial foi sediado na Praça da Estação, ponto turístico localizado na região central de Belo Horizonte. No entanto, devido a obras de revitalização do espaço, a 45° edição acontecerá em um local inédito. A Belotur, empresa responsável pela organização do Arraial, afirma que o evento será realizado no Estádio Jornalista Felippe Drummond, mais conhecido como Mineirinho, espaço de eventos da cidade.

Jadison Nantes / Créditos: Aisha Vitoria e Thiago Emanuel

O presidente da União Junina, Jadison Nantes, expôs sua opinião sobre a nova escolha de local: “Nossa expectativa é muito grande, porque é um espaço novo. O Mineirinho atende uma demanda histórica do movimento, porque a Praça da Estação já está ficando pequena para tanta gente que manifestava o interesse de assistir as quadrilhas. O Mineirinho é muito grande, tem uma arquibancada que com certeza vai comportar todo mundo que quiser assistir o Arraial este ano”, afirma. De acordo com a Belotur, a demanda por um novo espaço para o evento já era um desejo antigo dos quadrilheiros, que buscavam receber a cidade junina com conforto e segurança, em uma localização de fácil acesso. 

Por muitas edições, sob a gestão da Belotur, as quadrilhas foram gradativamente sendo colocadas em segundo plano e os protagonistas passaram a ser os grandes shows que eram promovidos no Arraial. A partir de 2004, a União Junina Mineira se fez presente nos bastidores da organização do evento e o presidente da instituição reforça a importância da luta para retomar o protagonismo das quadrilhas no Arraial. Após a presença da União, atualmente, a típica dança junina é que recebe o grande holofote do evento: “Os shows sempre são super bem-vindos, mas a festa nasceu para as quadrilhas e, hoje, indiscutivelmente, levando em consideração a opinião do público, as quadrilhas são a atração principal do Arraial de Belo Horizonte”, complementa Jadison Nantes. 

São Gererê

A quadrilha São Gererê foi criada no ano de 1979 e, assim como o Arraial de Belo Horizonte, irá completar 45 anos em 2024. O grupo, inicialmente nomeado Brejo Alegre,  foi criado como uma brincadeira entre os moradores do bairro São Geraldo, localizado na região leste de Belo Horizonte. O número de participantes cresceu a ponto de o fundador e presidente, Rogério Gomes, precisar dividir o grupo em dois. Com essa mudança, o presidente da quadrilha nomeou um dos grupos com o nome de São Gererê, que se mantém até a atualidade. 

O grupo, um dos mais antigos e tradicionais da cidade, é cinco vezes campeão da competição de quadrilhas, que ocorre anualmente durante o evento, além de campeão nacional. Rogério Gomes reforça a importância dessa edição para os integrantes do grupo, cuja preparação se iniciou em novembro de 2023, e enfatiza a responsabilidade de manter uma apresentação que condiz com o nível de campeões nacionais. “Esse ano, tenho certeza de que quem for, vai ver um espetáculo, porque nós buscamos manter esse título de campeão mesmo. Nós estamos trabalhando para ganhar, nosso trabalho não é brincadeira”, complementa o presidente. 

Rogério Gomes / Créditos: Aisha Vitoria e Thiago Emanuel

O trabalho social exercido pela São Gererê caminha ao lado da dança e da manifestação artística. Rogério enfatiza as atividades realizadas pelo grupo, como festas e apresentações beneficentes, nas quais o grupo não cobra pela participação, nem pelo transporte. Ele reforça: “Temos um trabalho social muito bacana, não é só a quadrilha, só a dança e a arte, e essa cultura junina é um trabalho social que a gente resgata muita gente boa que fica por aqui”. O Presidente da União Junina também considera que, quem vive a quadrilha se vê exercendo uma atividade cultural e, naturalmente, pode se manter longe de ambientes não favoráveis socialmente, como a criminalidade. De acordo com ele, a importância do arraial vai além do produto artístico, já que reforça a relevância das ações socioculturais promovidas pelos grupos.

Eu me reencontro quando eu entro para a quadrilha São Gererê, em 1998. Ali eu consigo um refúgio, um respiro, me encontro enquanto pessoa, enquanto indivíduo, me reconheço como agente cultural, logo, em seguida me reconheço também como agente político”.

Jadison Nantes, presidente da União Junina

Rogério Gomes destaca, também, os detalhes que envolvem as preparações para as apresentações da quadrilha na temporada junina. Ele relata que o trabalho, geralmente, se inicia em novembro, durando, em média, oito meses de preparação, com cerca de 200 pessoas envolvidas direta ou indiretamente. Por fim, o presidente da São Gererê conclui que fazer parte de uma quadrilha é algo realizado por quem ama o universo junino, considerando, principalmente, o tempo de ensaio e as despesas geradas pelo evento. 

Serviço

A 45° edição do Arraial de Belo Horizonte ocorrerá nos dias 20, 21, 27 e 28 de julho de 2024. Segundo a Belotur, o evento irá defender e valorizar a cultura e as tradições do período junino, mantendo o foco nas apresentações das quadrilhas da cidade, e trazendo também shows de artistas locais e a Vila Gastronômica, com atividades diversas. 

Ana Clara Torres

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