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Seringa e vidro de vacina sobre fundo azul claro
Imagem meramente ilustrativa (Markus Spiske / Unsplash)

Anvisa não aprova importação de Sputnik V

Em reunião técnica, agência recusa pedido por falta de dados que garantam segurança na aplicação do imunizante

Em reunião que durou cinco horas no dia 26 de abril, a Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anvisa) negou o pedido de importação da vacina Sputnik V, requisitada por dez governadores do consórcio Nordeste.

Com a presença de cinco diretores de diferentes áreas e uma exposição detalhada e técnica dos motivos, o órgão alegou que faltam dados que garantam a segurança da vacina, que apresenta falhas técnicas que podem aumentar o risco de quem for imunizado.

Dentre os problemas apresentados está a presença de adenovírus replicantes, organismos que, segundo especialistas, não devem aparecer nos imunizantes, visto que, devido a sua capacidade de reprodução, podem causar infecções ou até doenças mais graves.

Segundo os diretores da Anvisa, cerca de 70% dos dados apresentados estão ou em análise ou pendente de complementação, o que tornou a avaliação de segurança impossível de ser concluída.

Segurança vacinal

Segundo a professora da PUC Minas e doutora em Imunologia, Symone Fulgêncio, antes de demonstrar que a vacina faz bem, é necessário que se demonstre que a vacina não provoca mal: “Passar nos testes de segurança vacinal é o primeiro critério da Organização Mundial da Saúde”, explica a professora sobre a liberação de uso de vacinas.

Outro problema apresentado na reunião da Anvisa foi o número, 300 vezes maior que o permitido, de adenovírus replicantes encontrados.

“A Sputnik não é a única vacina que usa este tipo de técnica, a vacina de Oxford também o usa, mas há duas diferenças importantes: a vacina de Oxford é feita a partir de adenovírus que atacam organismos de macacos, enquanto a russa utiliza vírus de humanos; além disso, na primeira, a partícula está desativada, não tem como ela ser replicante”.

A possibilidade de replicação deste vírus pode causar, em imunocompetentes (quem tem capacidade para uma resposta imune normal), apenas doenças leves, como gripe ou bronquite, contudo, o risco aumenta para indivíduos com problemas de imunidade, podendo causar complicações mais graves em quem já possui comorbidades. Por isso, a professora defende a decisão da Anvisa:

A Anvisa foi absolutamente coerente em sua decisão. Uma vez que ela libera determinada vacina para uso, ela se torna responsável pela manutenção da saúde no organismo de milhões de brasileiros. Temos que pensar que, enquanto autarquia, ela tem uma enorme responsabilidade”.

Symone Fulgêncio, professora da PUC Minas

A reavaliação da vacina pela Anvisa é possível e os responsáveis russos, junto a governadores, já entraram com recurso para a decisão

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Felipe Basilio Lanza

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