O cenário político de Belo Horizonte começa a se movimentar para as eleições municipais de 2024 e, entre os possíveis pré-candidatos, o senador Carlos Viana (Podemos) aparece como uma das possibilidades. Após trajetória de 23 anos dedicados ao jornalismo em diversos veículos de comunicação, atualmente, Viana compõe a bancada do Senado Federal, em Brasília, e se vê esperançoso para concorrer ao cargo de chefe do executivo municipal de BH. Segundo Viana, “Belo Horizonte precisa de um projeto de crescimento e reestruturação para tornar a vida dos belo-horizontinos ainda melhor”.
O parlamentar, contudo, enfrenta dificuldades para definir a legenda pela qual deve disputar o cargo. Viana está no Podemos, mas tem afirmado que encontra entraves no diálogo com a direção da legenda. A colunista Roseann Kennedy, do Estado de São Paulo, noticiou que o senador avalia pelo menos duas outras siglas para se filiar e concorrer às eleições: o Republicanos e o MDB. O primeiro partido é presidido pelo deputado federal Euclydes Pettersen e abriga outro nome que aparece entre os cotados para disputar a prefeitura: o jornalista e deputado estadual Mauro Tramonte. Outro nome que já foi sondado para a mesma legenda é do presidente da Câmara de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido).
A tendência de aproximação do senador com o Republicanos ficou mais forte depois da filiação do próprio filho, o deputado federal Samuel Viana, à sigla. O parlamentar deixou o PL por discordar da forma como a legenda tem feito oposição ao governo Lula. A migração também indica a possibilidade de preparar o caminho para a vinda do pai, a quem disse apoiar como nome para governar a capital.
Enquanto se posiciona em meio às especulações, Carlos Viana diz ter sido convidado por quatro partidos para concorrer ao pleito. Ele, no entanto, diz que, se não fosse uma imposição legal, preferiria concorrer sem estar filiado, como afirmou em entrevista ao Estado de Minas.
Questionado sobre a possibilidade de alianças partidárias para o pleito de 2024, o senador destacou a sua presença positiva em pesquisas como um instrumento para atrair apoios. Na sondagem do DataTempo, Carlos Viana aparece em segundo lugar, com 10,4% das intenções de voto. Ele enfatizou a importância de dialogar não apenas com seu partido, mas com diversas forças políticas, buscando uma construção coletiva para a candidatura à prefeitura da capital mineira.
Viana falou também sobre a atual polarização política no país. De acordo com o político, o ideal é que, tanto a esquerda quanto a direita, abram espaço para debates construtivos, focados em ideias e propostas que melhorem a vida da população. Segundo ele, está na hora de dar um basta no discurso de quem é melhor ou pior.
O senador, posicionado à direita, também fez uma crítica ao modo como o campo político que integra tem conduzido o debate público. “A direita vem conversando apenas com os empresários, com as classes que são mais bem remuneradas e não avançou. Então é preciso que a direita seja também mais inteligente, faça uma autoavaliação da derrota na última eleição, para que a gente possa buscar convencer o eleitor e ganhar novamente as eleições”, opinou.
Visão sobre a atual gestão municipal
Sobre a gestão do atual prefeito, Fuad Noman (PSD), Viana o descreveu como um “técnico que ainda não apresentou avanços significativos para BH”. Ele criticou o que nomeou de “falta de visão de futuro” do atual chefe do executivo, especialmente nas áreas de transporte público e obras de infraestrutura.
O senador criticou a relação de Noman com os governos estadual e federal, além da incidência da prefeitura junto ao Congresso Nacional. “O prefeito não conversa com ninguém aqui em Brasília, com os deputados, com os senadores. Belo Horizonte está longe de tudo e isso nos prejudica. A cidade perdeu muito espaço no âmbito político brasileiro por essa falta de visão política, porque não se faz nada sozinho, repito. Política é grupo e eu aprendi isso nesses quatro anos”, argumentou.
Propostas para Belo Horizonte
Ao falar das propostas para as eleições de 2024, Viana destacou a necessidade do que ele chama de um plano de futuro para Belo Horizonte. Ele propõe a reestruturação do centro da cidade, a criação de áreas de comércio 24 horas, o fortalecimento do turismo cultural e a solução para os desafios de mobilidade, incluindo a unificação do transporte coletivo.
Já em relação à sua plataforma de propostas, Carlos Viana evidenciou uma atenção para temas como transporte público, saúde e meio ambiente. Ele ressaltou a importância de buscar financiamentos e parcerias para projetos de mobilidade, propondo a integração do sistema de transporte coletivo com o metrô. Além disso, ele mencionou a necessidade de programas específicos para melhorar o ensino público, atender crianças vulneráveis e lidar com a questão das pessoas em situação de rua.
Carreira política
Viana foi eleito Senador da República em 2018, pelo antigo Partido Humanista da Solidariedade (PHS) – sigla incorporada, posteriormente, ao Podemos. Na época, teve apoio do então prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD). Em 2022, buscando visibilidade para seu nome, já pensando numa eleição municipal futura, o político foi candidato ao governo de Minas Gerais pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo responsável por garantir um palanque ao aliado no segundo maior colégio eleitoral do país, Carlos Viana se sentiu abandonado na disputa.
Os senhores observaram bem o apoio que eu fiz ao ex-presidente Bolsonaro. Não correspondeu. Bolsonaro abraçou a campanha do governador Zema.”
Ao alfinetar o ex-aliado, Viana também valorizou os pouco mais de 783 mil votos que logrou no pleito como sendo uma conquista pessoal sua. Para ele, o resultado o cacifa como um forte nome, mas também indica que ele deve buscar mais alianças. “Não se faz política sozinho. É preciso buscar aquelas forças organizadas, seja de direita ou de esquerda ou centro, para que o eleitor saiba quem você é. As campanhas hoje estão muito difíceis, porque as pessoas não estão assistindo televisão, não estão ouvindo tanto rádio. Há uma desconfiança muito grande em relação à imprensa formal. Há desafios aí que não passam longe da política organizada, dos grupos que pedem o voto nas ruas, nas comunidades e, principalmente, nas associações de bairros”, refletiu.
Enquanto sua situação política segue indefinida, o jornalista espera os próximos movimentos com uma postura tipicamente mineira. Parece seguir o conselho eternizado pela frase de um ex-governador de Minas Gerais, José Magalhães Pinto: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.
Escrito por Marcela Calixto e idealizado por Vinícius Borges
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