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A estabilidade de Abel Ferreira no futebol brasileiro

Imagem meramente ilustrativa via Unsplash

Quando  publicamos a reportagem “A entrada de treinadores estrangeiros no mercado do futebol brasileiro” aqui mesmo, no Colab, em 3 de dezembro, o Brasil tinha, em seu campeonato de primeiro escalão, três treinadores estrangeiros: o argentino Jorge Sampaoli e os portugueses Abel Ferreira, à frente do Palmeiras, e Ricardo Sá Pinto, hoje, ex-técnico do Vasco. Na ocasião, a pauta  era a inserção desses profissionais no mercado brasileiro, porém, após dois meses e meio, apenas Abel Ferreira obteve êxito na conquista de títulos.

Com menos de 120 dias de trabalho, o português assumiu a equipe paulista com a missão de levar o clube adiante nas três competições em disputa: A Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores; esta última, vencida pelo treinador diante do Santos, no Maracanã, em 30 de janeiro deste ano. Na Copa do Brasil, chegou com time alviverde à final, que será disputada nos dias 28 de fevereiro e 7 de março. Além disso, encontra-se em posição confortável no campeonato nacional (6ª colocação), tendo em vista a conquista do torneio continental. 

Por que, mesmo assim, os técnicos estrangeiros não permanecem no Brasil?

Mesmo tendo campanhas históricas e positivas, Abel Ferreira e Jorge Sampaoli, respectivamente, são dúvidas em  seus atuais cargos. Em negociação avançada com o Olympique de Marseille, da França, o comandante argentino dará prosseguimento em sua carreira fora do Brasil, depois de duas temporadas em território brasileiro.

No dia 13 de fevereiro, após empate diante do Bahia, em casa, resultado que encerrou o sonho de do título de campeão brasileiro do Atlético, Sampaoli deixou em aberto sua permanência:

“Futebol é muito instável, ainda mais nesse país. Treinador dura muito pouco. Não se consolidam os projetos. Só penso no próximo jogo, vencer, tentar fazer que o time chegue mais na frente da tabela. O resto é indecifrável. Se você analisa com todos os treinadores no Brasil, é a instabilidade. Não sou diferente do resto. Se não ganho, serei o pior. Se ganhar, serei o melhor. Hoje, meu trabalho será avaliado pelos resultados”.

Jorge Sampaoli em depoimento à TV Galo

Desafios do futebol brasileiro

Sampaoli já havia sido holofote da pauta ‘estabilidade’ dos técnicos, não só gringos, no país. Em 2019, ainda comandando o Santos, o profissional questionou diversas vezes a diretoria do próprio clube, assim como a imprensa local que, de acordo com o argentino, contribui para que os treinadores sejam demitidos com tanta regularidade.

Essa situação, de acordo com o treinador, vem do vazamento de informações privilegiadas, como escalações, previamente anunciadas pelos setoristas dos clubes que, de certa forma, prejudicam o planejamento das comissões técnicas para os jogos. Abel Ferreira, mesmo tendo propostas do futebol europeu, deve permanecer no Brasil. O português diz estar satisfeito com seu trabalho e feliz pelo título da Libertadores, já conquistado, e a final da Copa do Brasil.

O ex-técnico do Flamengo, Domènec Torrent, recentemente, concedeu entrevista à Rede Globo, comentando sua rápida passagem no Brasil. O espanhol falou sobre problemas internos com a diretoria do time carioca, citando falta de comunicação e de confiança em seu trabalho à frente da equipe, mesmo estando, naquela época, classificado para as próximas fases da Copa do Brasil e Libertadores.

“Acho que o problema do Flamengo está dentro do Flamengo. Enquanto eles não esclarecerem as coisas entre si, isso vai continuar com Dome, com Ancelotti, com Klopp, com Pep Guardiola, com quem for”.

Domènec Torrent em declaração à Rede Globo

A realidade é que, conforme aprofundamos na primeira reportagem, em dezembro, os interesses dos clubes de permanecerem com treinadores em seus postos, em um projeto de longo prazo, era incerto.

Ao mesmo tempo e em via de mão dupla, os profissionais estrangeiros, que sabem da “cultura” negativa do futebol brasileiro em demitir técnicos em massa, se portam mais defensivamente, de modo que aceitam sair na primeira oportunidade de saída para o exterior, especialmente para a Europa, onde a tendência é que o treinador fique por muito mais tempo em um time para realizar seu trabalho.

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