Com cenários de futuro incerto e cada vez mais crises econômicas e políticas à vista, novas condições de trabalho chegam como promessas para amenizar esses contextos. As conhecidas plataformas digitais de serviços de entrega e aplicativos de motoristas, como Ifood e Uber, se apresentam como uma possibilidade de aumentar a renda ou até mesmo ser um meio para fugir do desemprego. Mas as condições de trabalho ainda são precárias e precisam ser melhoradas.
Um trabalho tão perigoso e sem direito algum, se você bobear é assaltado e a empresa não presta uma ajuda.
Marcelo de Morais
O uso crescente de aplicativos no celular como um modelo de trabalho evidencia esse novo formato de organização de trabalho no mundo. A uberização vem sendo discutida por diversos pesquisadores, dentre eles, Abel Guerra doutorando da London School of Economics and Plitical Science (LSE), que investiga como o trabalho digital é um serviço informal, principalmente quando se trata de aplicativos.
A falta de direitos trabalhistas é uma realidade para colaboradores de plataformas digitais, como iFood, Uber, Rappi e 99, fazendo com que passem por dificuldades no dia a dia. Esse tipo de emprego tem seus prós e contras, como o trabalhador determinar seu horário de serviço e a falta de um salário fixo no mês, cobrando um preço do “funcionário”.
Trabalho como motorista de Uber, sinto que sou bastante escravizado nessa profissão, a empresa não liga para você, só sabem explorar.
Caio Zocratto
Vanessa Barbosa, entregadora e ativista pelos direitos dos trabalhadores de plataforma, em entrevista ao ColabCast, contou que trabalha de 12 a 16 horas por dia, de segunda a segunda, para tentar conseguir o suficiente para se manter. Sem garantia de um salário certo no final do mês, sem hora de almoço, sem carteira assinada, sem horário certo de trabalho, os trabalhadores digitais não possuem nenhum direito que qualquer empregado deveria ter.
Diversas reclamações em grupos dos trabalhadores de aplicativos levaram a paralisações, na tentativa de adquirir o direito básico: ter direito a alimentação e abaixar as porcentagens dos aplicativos.
Danilo Pássaro, motorista da 99 e ativista dos direitos dos motoristas, conta que já sofreu um assalto de passageiros e não teve nenhum apoio e auxílio da empresa Uber, fazendo com que o mesmo deixasse de trabalhar no aplicativo, “Eram três moleques e eu percebi que tinha um clima hostil, uma maldade pelo ar, aí comecei a conversar com eles, aí eles acabaram me assaltando, roubando meu celular, dinheiro, jaqueta, levaram tudo, exceto o carro”. Ele conta que ficou dias sem celular, fez boletim de ocorrência e teve que financiar um novo telefone – e só depois descobriu, ao abrir o aplicativo da empresa, que sua conta tinha sido bloqueada por tempo indeterminado, por ter infringido os termos de serviço.
Entrei em contato com o suporte e eles só me respondiam com respostas automáticas. Fui em um posto de atendimento presencial levar o boletim de ocorrência. E essa é uma grande reclamação dos motoristas, os bloqueios indevidos. Existem até casos de a Uber perder na justiça do trabalho.
Danilo Pássaro
Para o futuro, Danilo Pássaro ainda acredita que vão existir mudanças, mas, para isso, é preciso que haja alterações nas políticas do Brasil. O ativista afirma que “se não existir uma mudança radical de política econômica e de lógica formadora da sociedade brasileira, a uberização vai se ampliar a todas as áreas de trabalho, ou uma boa parte delas.”
Este texto é um dos cinco capítulos da série especial de reportagens do dossiê "Fronteiras", realizado por alunos do 5° período do curso de Jornalismo da PUC Minas para a disciplina Laboratório de Jornalismo Digital. Para acompanhar toda a reportagem, passe o mouse nos títulos abaixo e clique no capítulo de sua preferência: Capítulo 1: A realidade do trabalho plataformizado Capítulo 2: À espera do trabalho Capítulo 3: Viração: direitos trabalhistas em xeque Capítulo 4: Condições do trabalho na era digital (Você está aqui) Capítulo 5: Gig economy e trabalho on-demand: direitos em falta
Ameii a matéria!!! Parabéns👏
Parabéns pela riqueza de texto, Letícia!!! Claro, bem articulado, reflexivo… como um texto da esfera jornalística deve ser. Orgulho enorme de você!!!
Pura verdade, Parabéns, excelente texto.
Uau!! 😱 não sabia que os motoristas sofriam essas coisas!
Que textoo!! Matéria incrível! Parabéns pelo trabalho! Quero mais textos de Letícia Avelar!
Matéria muito necessária! Gostei bastante da contextualização e principalmente dos dados abordados! Excelente!!
Parabéns Letícia, o texto está ótimo!!
Muito bom!!!! 👏
Leitura essencial, já que nós como usuários dos serviços raramente paramos para pensar e analisar a situação de trabalho dessas pessoas.
Excelente texto.
Parabéns Letícia pelo texto. Triste realidade dos trabalhadores de aplicativo. Querendo ou não passa a ser de certa forma um trabalho informal e até desvalorizado. A segurança tanto dos trabalhadores como a dos passageiros é uma questão séria que precisa de medidas sérias.
Parabéns Letícia , gostei muito do seu texto, bem escrito, muito bem articulado em defesa de pessoas que ficam sem proteção nenhuma dos meios competentes. Siga em frente , vai ter muito sucesso em sua carreira.
Letícia Avelar, parabéns pelo texto muito bem elaborado. Ele nos faz refletir sobre a loucura das condições do trabalho na “era digital”. O caminho é esse.
Feliz por você. ♡
Excelente texto!É de extrema urgência a discussão sobre a precarização do trabalho no Brasil.
Parabéns Letícia, gostei do texto, esclarecedor. Abraço carinhoso.
Parabéns pelo texto!!!
Parabéns pelo texto!!! Excelente abordagem!
Parabéns pelo texto, fica a reflexão para todos os usuários e órgãos competentes.
Amei! Parabéns pelo texto! Muito bem elaborado!