Invisível na rotina de muitos trabalhadores, a segurança do trabalho é uma área fundamental para a garantia das melhores condições de execução da rotina de profissionais diversos.
Durante a pandemia, esses profissionais tiveram que prestar serviços em caráter de urgência para manter setores em atividade, especialmente aqueles ligados ao setor alimentício e de medicamentos, considerados como parte das atividades essenciais.
Com as novas recomendações de segurança derivadas da crise sanitária da Covid-19, como necessidade de higienização frequente das mãos e constante aferição da temperatura corporal, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e outros órgãos de fiscalização aumentaram cuidados com regulamentação e controles da segurança do trabalho, para que empresas pudessem retomar suas atividades com redução de danos a colaboradores e públicos.
A demanda de reforço de procedimentos de segurança partiu também de entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e foi destaque também em ações do Tribunal Superior do Trabalho (TST) no dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, celebrado em 27 de julho. A pandemia do novo coronavírus pautou, em abril, o tema do Programa Trabalho Seguro do TST, que definiu como eixo de atuação no biênio 2020-2022 a “Construção do trabalho seguro e decente em tempos de crise: prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais”.
Em maio, também o Ministério Público do Trabalho (MPT) veiculou normas instrucionais para empresas e funcionários disporem de mais capacidade técnica de trabalho diante das normas de vigilância sanitária.
Novas rotinas para profissionais da segurança
Em meio a novas normas e diretrizes, profissionais formados em engenharia de segurança do trabalho tiveram como missão avaliar possíveis riscos que pudessem afetar atividades de trabalhadores essenciais, não somente aquelas que dependem de esforço físico ou trabalho braçal.
Para Maria Clara Rocha, Técnica de Segurança do Trabalho da Drogaria Araújo S/A, é evidente que medidas protocolares adotadas contra a propagação do novo coronavírus foram favoráveis ao número reduzido de contágios nos últimos meses.
“O uso da máscara, a higienização constante e rigorosa e a restrição de contato, somadas ao isolamento entre os operantes, dentro das empresas, fizeram com que fosse menos turbulento todo esse processo de lidar com o vírus em um local de trabalho essencial à população”.
Maria Clara Rocha
Ela acredita que, daqui para frente, situações que foram impostas no cotidiano pela pandemia vão se manter, principalmente em ambientes mais propícios à aglomeração.
“O uso do álcool, por exemplo, é uma dessas práticas que vão se estender e permanecer de vez. Antes da pandemia, em alguns locais, já era disponibilizado o uso do produto, mas não era exigido de forma tão severa como poderemos observar daqui para frente”.
Maria Clara Rocha
Segurança na área da saúde
Nestes dias de caos na saúde o que não falta é adrenalina e cortisol para o profissional de Enfermagem, que deixou a capa da invisibilidade e virou “super-herói”. Embora tenham ganhado reconhecimento, enfrentam os desafios de estarem na linha de frente durante um momento crítico para o sistema de saúde – e com novos protocolos de segurança sendo implementados.
A coordenadora geral da ala de enfermaria no Hospital Biocor, Lucia Carvalho, avalia que essa exposição da profissão na mídia e a atenção em torno do tema deve aumentar o interesse pelo curso técnico de Enfermagem, que já está entre os mais procurados pelos inscritos no processo seletivo das Escolas Técnicas.
O cenário da pandemia aumentou o nível de dificuldade protocolar quanto a acesso de materiais que viabilizam a realização de procedimentos manuais como, por exemplo, a coleta sanguínea para avaliação médica. Mas Lucia Carvalho acredita que haverá maior procura por formação na área: “Haverá também uma mudança no perfil dos candidatos que, a partir da COVID-19, farão sua escolha de forma mais consciente. O caos da pandemia escancarou a realidade do mercado”.
Sobre as novas normas de segurança, Lucia Carvalho comentou: “O compartilhamento de diversos saberes profissionais e de informações técnicas oficiais são essenciais para reorganização do processo de trabalho diante deste cenário pandêmico. A aproximação do setor de segurança do trabalho foi essencial para o seguimento dos trabalhos nos hospitais”, destacou.
Segundo ela, orientações quanto ao reuso de materiais, o descarte e o correto manuseio de materiais com quem a equipe não estava familiarizada também foi muito importante. “Mesmo em meio aos desafios, nossa equipe segue buscando treinamento e capacitação para garantir uma assistência segura e qualificada para os pacientes”, concluiu
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