Em terras brasileiras, costumeiramente dominadas pelo futebol, o basquete, impulsionado por uma espécie de “revolução contemporânea”, principalmente desde a pandemia em 2020, tem conquistado cada vez mais espaço no cenário esportivo nacional. Segundo estudo do Sports Value, a porcentagem de brasileiros praticantes ativos de basquete saltou de 2% para 8% após a pandemia da Covid-19, período marcado pela “explosão” de lives e comunidades nas mídias sociais.
O produto basquete vai muito além das quadras. Desde a alta procura por tênis, headbands, meias ou pulseiras de marca, até a busca por partidas transmitidas com exclusividade por plataformas de streaming como o Prime Vídeo, o esporte da bola laranja tem quebrado a barreira do cenário midiático que, naturalmente, leva a modalidade ao encontro da ação de influenciadores digitais, ponto chave para a expansão.
Por ter sua tradição e consumo amplamente ligados à América do Norte, principalmente no Canadá e nos Estados Unidos, o basquete, por muitos anos, esteve em uma zona próxima ao esquecimento no Brasil, muito em função do crescimento exponencial de esportes também coletivos, como futebol e voleibol. Na última década, porém, a modalidade tem reencontrado sua força e propensão midiática, seja no crescimento de comunidades nas mídias sociais, em colabs e produções de conteúdo de grande porte, como os que têm sido feitos por influenciadores como Fred (Desimpedidos), Igão e Mítico (Pod Pah) e Casimiro Miguel (Cazé TV), ou na obtenção de direitos de transmissão de partidas negociados em altíssimos valores por grandes plataformas de streaming, como TNT Sports e Amazon (PrimeVideo).
Apesar das transmissões privilegiarem competições norte-americanas de basquete, especialmente a NBA, o movimento nacional também atrai olhares. Clubes profissionais oriundos do próprio futebol, como Flamengo, Vasco, Corinthians, Fortaleza, São Paulo e Botafogo, valem-se de agremiações e estruturação para se manterem competitivos também nas quadras. Vale ressaltar que a liga brasileira, conhecida como NBB (Novo Basquete Brasil) tem batido recordes de público e audiência ao longo das temporadas.
Crescimento de público e prestígio
Sob uma nova perspectiva, tem sido natural afirmar que o basquete é o “xodó” do momento no âmbito esportivo brasileiro. De acordo com Rafael Leal, que é apresentador na Sempre Editora e já narrou jogos do Minas Tênis Clube, a mudança vista no basquete brasileiro é decorrente principalmente da criação da NBB. Segundo ele, isso se deve a uma “organização dos clubes dentro da NBB, o que ajudou muito no aprimoramento da qualidade de dentro dos clubes, como em atrair investimentos.” Rafael Leal afirma ainda que “a criação da NBB veio para aumentar o nível e fazer o basquete brasileiro crescer”. Após essa mudança no cenário do esporte no Brasil, diversos programas de incentivo e apoio a escolinhas têm sido implementados, sendo fruto do apoio recebido pela NBA, que é a Liga Nacional de Basquete Norte-Americano.
Gerente de Comunicação da Liga Nacional de Basquete (LNB), Júlia Savassi, diz que o esporte vem em uma crescente exponencial para alcançar ao menos o ‘top 2’ entre as modalidades esportivas no Brasil. “Sabemos que existe uma forte concorrência, sobretudo com futebol e vôlei, mas o nosso objetivo é justamente que essas modalidades cresçam juntas e não que isto se torne uma competição”, ressalta. A gerente afirma que há, atualmente, um diálogo com diversas equipes e estilos distintos, para que o esporte se torne uma união de forças e caminhe positivamente neste sentido. Sobre o basquete e seu público em geral, Júlia cita que o grande acerto foi o avanço em entender onde estão os consumidores do esporte e, a partir daí, atuar fortemente na construção da experiência deste espectador e fã. “Temos muito para caminhar ainda neste sentido, mas, na minha opinião, foi o ponto crucial para o crescimento dos últimos anos”.
A Assessoria de Comunicação do Minas Tênis Clube, aponta que o clube procura atrair o público de projetos culturais, escolas e times da cidade com convites para irem à Arena UniBH, local onde a equipe manda seus jogos. Além de vivenciar a experiência que um jogo proporciona, desde a entrada na arena com ativações de patrocinadores, até o momento do jogo em si, o clube visa promover atração e engajamento em seus eventos. De acordo com o Minas, é importante apostar em um intervalo com apresentações culturais, sorteios e interação com o público. Outra ideia apresentada pelo clube é a chamada torcida “Minas Storm”. Quem adquire o passaporte da temporada faz parte de uma base de fãs que tem direito a benefícios. Essas estratégias visam reter o público que assiste aos jogos.
O basquete brasileiro, que tem parceria com a NBA, após a criação da NBB, conseguiu grande evolução entre o produto e a experiência do torcedor, quando passou a ter o jogo das estrelas, que é um evento totalmente rentável transmitido no YouTube e nos canais de televisão, afirma Rafael Leal. Com o olhar de quem faz parte desse crescimento do basquete como mídia no Brasil, o narrador reforça a ideia de que há um aumento no nível e na representatividade comercial dos patrocinadores, que investem mais dinheiro e aprimoram a qualidade técnica e prática do esporte. Rafael avalia a “parceria” com a NBA como positiva e cita que, esses programas da NBA facilitam na exposição e escolha de novos craques brasileiros para draftar (ser recrutado para testes) nos EUA.
Transmissões televisivas e digitais no aumento da popularidade do basquete no país?
O basquete teve seu momento de glória no Brasil nos anos de Oscar Schmitd e Hortência, como ídolos do país que se tornaram ícones do esporte reconhecidos em todo o mundo. A TV foi fundamental para transformar os dois em símbolos do basquete nacional. Quando indagado sobre o impacto de transmissões na popularização do basquete no país, o assessor do Minas Tênis Clube, Luiz Barros, afirma que, na atualidade, o aporte nas transmissões “ainda é pequeno. “As transmissões têm papel fundamental, mas muitas estão distribuídas nos canais fechados ou streaming. Muitos jogos são transmitidos de graça pelo YouTube, mas a pulverização ainda é baixa. É necessário um acompanhamento maior do esporte para mais visibilidade e crescimento”.
A Assessoria do Minas abriu o jogo sobre as transmissões do basquete brasileiro e disse que elas não dependem tanto do clube, mas sim de uma série de fatores que possibilitam disponibilizar uma transmissão em um canal próprio, como o próprio Minas fez com narrações do Rafael Leal. Segundo Luiz, “o Clube pensa, sim, em expandir, em investir sempre em um maior alcance do esporte, mas sempre alinhado com as federações, confederações e as empresas detentoras dos direitos de transmissão”.
A gerente da LNB, Júlia Savassi, diz que as transmissões são peças fundamentais e atuam para “cumprirmos objetivos, como desmistificar a qualidade do nosso basquete, atingir públicos que ainda não tenhamos alcançado, fidelizar novos fãs e levar visibilidade acerca da experiência que o basquete brasileiro pode proporcionar tanto para o fã que acompanha de casa, quanto para o que vai para as quadras”.
O Minas Tênis Clube destacou a importância do networking e das parcerias para o sucesso do basquete no clube. “O networking foi crucial para nossa expansão. Convidamos narradores e comentaristas que já conhecíamos de outros projetos, o que ajudou a aumentar nossa visibilidade”, afirma a assessoria do clube. O clube lembrou, ainda, que as transmissões pelo YouTube permitiram maior conexão com os torcedores e a criação de uma base de fãs mais engajada.
O Minas também apontou a importância das ligas menores para o desenvolvimento do esporte. “Ter ligas em níveis inferiores é essencial. Elas funcionam como uma divisão de base, onde novos talentos podem ser descobertos e desenvolvidos”.
Júlia Savassi também lembra de um dos principais desafios para conquistar o público na LNB. “O mais difícil é o estigma (completamente irreal) de que o basquete nacional não tem qualidade técnica”, reforça. De acordo com Savassi: “o ceticismo que enfrentamos por aqui e, por isso, procuramos sempre explorar conteúdos que demonstrem o tamanho e a qualidade que o nosso basquete possui. Quanto mais vencermos essa visão errônea, mais público conseguiremos trazer e, consequentemente, também teremos mais investimento e visibilidade.”. Ela ainda diz: “Hoje, temos mais transmissões e cobertura na mídia, o que inspira as novas gerações”.
Rafael Leal afirma que o crescimento do basquete no Brasil também se reflete na mídia. Ele falou sobre a evolução das transmissões esportivas. “Hoje, temos mais plataformas transmitindo jogos, o que difunde o esporte e atrai mais patrocinadores. A parceria com a NBA, a criação de programas de desenvolvimento e a presença de olheiros internacionais elevaram o nível de visibilidade do basquete brasileiro”. Em resumo, o basquete brasileiro está vivendo uma nova era de crescimento e visibilidade, impulsionada por investimentos estratégicos, a criação de ligas organizadas como a NBB, e uma maior presença na mídia. Com talentos emergentes e uma base de fãs cada vez mais engajada, o futuro do esporte parece mais promissor do que nunca. Savassi concorda e acrescenta: “A presença de grandes estrelas internacionais e o sucesso de jogadores brasileiros na NBA aumentam a popularidade do basquete aqui. Isso inspira os jovens e mostra que é possível alcançar um nível alto”.
O que mais chama atenção no basquete brasileiro
Júlia destaca a consolidação do basquete norte-americano como um produto totalmente estabelecido, enquanto o basquete brasileiro ainda busca conquistar um público mais amplo e consolidar sua identidade própria.
Ela também enfatiza a importância do suporte institucional e das parcerias com ligas internacionais. “Os programas de desenvolvimento e as parcerias com a NBA são fundamentais. Eles não só melhoram a qualidade do jogo, mas também ajudam a formar jogadores que podem competir em alto nível internacional”.
Como narrador e fã do basquete, Rafael Leal aponta que a presença de grandes estrelas do basquete brasileiro e internacional tem contribuído diretamente para a popularidade do esporte na mídia. “Ter gringos no NBB ajuda para ‘caramba’, porque aumenta o nível do jogo. Ter brasileiros na NBA aumenta a popularidade do basquete no Brasil também”.
Futuro Promissor
Com investimentos contínuos, melhorias na infraestrutura e uma base de fãs cada vez maior, o esporte está pronto para novos patamares. “Estamos vendo uma evolução constante. Se continuarmos nesse ritmo, o basquete brasileiro tem tudo para se tornar uma potência não só em termos de jogadores, mas também em termos de organização e visibilidade na mídia”, reforça Leal.
Em resumo, o basquete brasileiro vive uma nova era de crescimento e visibilidade, impulsionada por investimentos estratégicos, a criação de ligas organizadas, como a NBB, e uma maior presença na mídia.
Confira a entrevista com o narrador e apresentador esportivo Rafael Leal:
Reportagem produzida por Guilherme Rodrigues, Luccas Almeida e Vinicius Moura, sob a supervisão do professor Vinícius Borges, para a disciplina Apuração, Redação e Entrevista.
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