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Entrada do Mineirão em 2007, antes da reforma. Foto de Gilberto Silva via Wikipedia

Quem foi Magalhães Pinto?

Apoiador da ditadura, Magalhães Pinto foi homenageado na construção do Mineirão. Pesquisadores defendem que nomeação dos estádios seja revista

Magalhães Pinto em foto do Fundo Agência Nacional / Arquivo Nacional (via Wikipedia)

Diversos estádios brasileiros são conhecidos por seus nomes populares, como o Morumbi e o Maracanã. Fazendo analogia ao estado de Minas Gerais, o estádio Mineirão também é carinhosamente denominado como Gigante da Pampulha.

Contudo, oficialmente seu nome é Estádio Governador Magalhães Pinto. Mas afinal, quem foi Magalhães Pinto?

Figura controversa que apoiou a ditadura militar no Brasil, seu nome foi adotado para o estádio desde sua inauguração, em 1965.

Confira 12 curiosidades sobre o homenageado do Mineirão:

  1. Nasceu dia 28 de junho de 1909, no interior de Minas Gerais, na cidade de Santo Antônio do Monte, região centro-oeste do Estado.
  2. Já foi gerente do antigo Banco Real, que foi depois adquirido pelo grupo Santander.
  3. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
  4. Foi eleito três vezes Deputado Federal de Minas Gerais, em 1946-1961, 1967-1971, 1979-1987.
  5. Foi um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN) e, mais tarde, do Partido Popular (PP)
  6. Foi o 26° Governador do Estado de Minas Gerais, entre 1961 e 1966.
  7. Apoiou o golpe militar de 1964.
  8. Criou o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
  9. Em 1982, ingressou no Partido Democrático Social (PSD).
  10. Foi Presidente do Senado Federal do Brasil entre 1975 e 1977.
  11. Após sair do governo de Minas Gerais, tornou-se Ministro das Relações Exteriores do Brasil (1967-1969).
  12. Apoiou a instalação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5).

Os nomes e os feitos da Ditadura

Em artigo publicado pelos pesquisadores João Malaia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Rafael Fortes, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a discussão em torno da relação entre os nomes dos estádios construídos na ditadura militar e seus homenageados ganha contornos culturais, sociais e políticos:

Se a nomeação de ruas interconecta a história com a vida cotidiana, usando um determinado passado como legitimador, podemos imaginar como a definição da toponímia se potencializa quando se trata de um estádio de futebol. Além dos nomes, esses estádios são conhecidos por apelidos aumentativos para dar dimensão da grandeza desses lugares. A prática é adotada ao menos desde a inauguração do Estádio Governador Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, apelidado de Mineirão.

João Malaia e Rafael Fortes, no artigo “Brasil-grande, estádios gigantescos”

Em entrevista ao Colab, os professores destacaram que a maioria das pessoas não sabe quem foram esses homenageados e como interferiram na história do nosso país:

O fato de a maioria das pessoas não saberem quem foi Magalhães Pinto, ou do seu papel decisivo como parte da estrutura política da ditadura, não apenas nos revela que o mesmo não é problematizado. Mais importante, mostra que o projeto político que previa homenagear figuras como ele, representantes dos governos da ditadura civil-militar, segue vitorioso no campo de disputas da memória social do país”.

João Malaia e Rafael Fortes, em entrevista ao Colab

Segundo eles, é preciso repensar os nomes desses estádios: “Não é justo vivermos em uma sociedade que homenageia governadores e demais políticos que deram total suporte à ditadura. Dezenas de jogadores/as, torcedores/as, trabalhadores/as poderiam ser homenageados”.

Leia o artigo na íntegra: “Brasil-grande, estádios gigantescos’: toponímia dos estádios públicos da ditadura civil-militar brasileira e os discursos de reconciliação, 1964-1985” .

Reportagem produzida por Arthur Albuquerque, Bernardo Correa, Daniel Maia, Iuri Cerqueira, Pedro Miguel, Pedro Tanure e Thalles Machado para o Laboratório de Jornalismo Digital, no semestre 2022/2 do curso de Jornalismo da PUC Minas - campus Coração Eucarístico, sob a supervisão das professoras Verônica Soares e Maiara Orlandini.

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