Diversos estádios brasileiros são conhecidos por seus nomes populares, como o Morumbi e o Maracanã. Fazendo analogia ao estado de Minas Gerais, o estádio Mineirão também é carinhosamente denominado como Gigante da Pampulha.
Contudo, oficialmente seu nome é Estádio Governador Magalhães Pinto. Mas afinal, quem foi Magalhães Pinto?
Figura controversa que apoiou a ditadura militar no Brasil, seu nome foi adotado para o estádio desde sua inauguração, em 1965.
Confira 12 curiosidades sobre o homenageado do Mineirão:
- Nasceu dia 28 de junho de 1909, no interior de Minas Gerais, na cidade de Santo Antônio do Monte, região centro-oeste do Estado.
- Já foi gerente do antigo Banco Real, que foi depois adquirido pelo grupo Santander.
- Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Foi eleito três vezes Deputado Federal de Minas Gerais, em 1946-1961, 1967-1971, 1979-1987.
- Foi um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN) e, mais tarde, do Partido Popular (PP)
- Foi o 26° Governador do Estado de Minas Gerais, entre 1961 e 1966.
- Apoiou o golpe militar de 1964.
- Criou o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
- Em 1982, ingressou no Partido Democrático Social (PSD).
- Foi Presidente do Senado Federal do Brasil entre 1975 e 1977.
- Após sair do governo de Minas Gerais, tornou-se Ministro das Relações Exteriores do Brasil (1967-1969).
- Apoiou a instalação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5).
Os nomes e os feitos da Ditadura
Em artigo publicado pelos pesquisadores João Malaia, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Rafael Fortes, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a discussão em torno da relação entre os nomes dos estádios construídos na ditadura militar e seus homenageados ganha contornos culturais, sociais e políticos:
Se a nomeação de ruas interconecta a história com a vida cotidiana, usando um determinado passado como legitimador, podemos imaginar como a definição da toponímia se potencializa quando se trata de um estádio de futebol. Além dos nomes, esses estádios são conhecidos por apelidos aumentativos para dar dimensão da grandeza desses lugares. A prática é adotada ao menos desde a inauguração do Estádio Governador Magalhães Pinto, em Belo Horizonte, apelidado de Mineirão.
João Malaia e Rafael Fortes, no artigo “Brasil-grande, estádios gigantescos”
Em entrevista ao Colab, os professores destacaram que a maioria das pessoas não sabe quem foram esses homenageados e como interferiram na história do nosso país:
O fato de a maioria das pessoas não saberem quem foi Magalhães Pinto, ou do seu papel decisivo como parte da estrutura política da ditadura, não apenas nos revela que o mesmo não é problematizado. Mais importante, mostra que o projeto político que previa homenagear figuras como ele, representantes dos governos da ditadura civil-militar, segue vitorioso no campo de disputas da memória social do país”.
João Malaia e Rafael Fortes, em entrevista ao Colab
Segundo eles, é preciso repensar os nomes desses estádios: “Não é justo vivermos em uma sociedade que homenageia governadores e demais políticos que deram total suporte à ditadura. Dezenas de jogadores/as, torcedores/as, trabalhadores/as poderiam ser homenageados”.
Leia o artigo na íntegra: “Brasil-grande, estádios gigantescos’: toponímia dos estádios públicos da ditadura civil-militar brasileira e os discursos de reconciliação, 1964-1985” .
Reportagem produzida por Arthur Albuquerque, Bernardo Correa, Daniel Maia, Iuri Cerqueira, Pedro Miguel, Pedro Tanure e Thalles Machado para o Laboratório de Jornalismo Digital, no semestre 2022/2 do curso de Jornalismo da PUC Minas - campus Coração Eucarístico, sob a supervisão das professoras Verônica Soares e Maiara Orlandini.
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