Eu Indico: Alejandro Jodorowsky

por Tobias Cazarini Trotta

Produtor, diretor, ator, poeta e “piscomago” como ele se autodenomina são termos que tentam explicar quem é o Alejandro Jodorowsky. Ignorado no meio acadêmico, ele é um dos nomes mais fortes do cinema latino, com seu surrealismo impar e referencias exotéricas o diretor é único em seu modo de fazer cinema. Por mais que se prepare a mente, Jodorowsky irá impactar o espectador pois o diretor usa a tela para falar o que se passa no interno do ser humano.

Em seus filmes, que são verdadeiras poesias áudio visuais, Jodorowsky explora as dicotomias na vida do ser humano: bem e mal, consciente e inconsciente. Utilizando dessas discussões o diretor constrói o filme na tela (externo), e desconstrói o espectador (interno), o cineasta faz isso de maneira nada sutil, porém sem perder a ternura de seus filmes. O diretor exotérico é crítico do modus operandi da sociedade, numa espécie de filosofia de Rousseau onde é a sociedade que corrompe o homem ele se mantém esperançoso na humanidade.

Em sua maior obra A Montanha Sagrada de 1973 Jodorowsky chega num ápice, nenhum setor da sociedade está livre da crítica do filme. Jodorowsky nos mostra que existe um controle por alienação quase que hipnótica de todos os cantos (mercados de armas, moda, arte, brinquedos, drogas e sexo), mas ao mesmo tempo o a mago nos mostra que existe um caminho para não sermos assimilados pelos grandes regentes da sociedade.

Com cenas extremamente fortes, em todos os sentidos da palavra, o filme impacta por seu gore ocultista e suas cenas cheia de simbolismo gerando uma experiência sensorial e semiótica única. Esse que vos fala se lembra de quando os créditos finais saltaram a tela e numa espécie de catatonia fiquei encarando a tela tenteando entender o que acontecera não na tela, mas dentro de mim. Surrealista como Dali, crítico como Bansky, ocultista como Aleister Crowley, tal qual uma poção mágica Jodorowsky junta elementos diversos e nos dá um elixir audiovisual e espera que nós espectadores sejamos o principio ativo desse elixir. Com um dos finais mais marcantes da história do cinema A Montanha Sagrada nos cobra uma posição ativa de espectador, no qual devemos questionar as perguntas que o filmes nos lança.

 

Abril 2019, por Tobias Cazarini Trotta.

6 respostas para “Eu Indico: Alejandro Jodorowsky”

  1. É o tipo de expressão que me agrada. Apresentar ao mundo a realidade notória e fictícia na alma dos homes.

  2. Nunca assisti a nenhum filme de Alejandro Jodorowisk. Mas depois dessa análise feita pelo Tobias Cazarini Trotta, fiquei muito interessada em conhecer os trabalhos dele. Gosto de filmes impactantes, que mexem com o nosso interior. Filmes que continuam a ecoar em nos depois que terminam de ser exibidos. Nada como o cinema para mexer com as nossas emoções. Impossível resistir ao chamado de Alejandro depois do que acabo de ler.

  3. Legal o texto! Fiquei muito curiosa sobre esse diretor e com vontade de assistir o filme A Montanha Sagrada e mesmo outros do diretor. Onde eu poderia encontrar?

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