Durante esta última semana não se falou em outra coisa no mundo se não sobre a renúncia do presidente da Bolívia no domingo (10). Evo Morales, que estava no poder há 13 anos.. Além do presidente, outras autoridades também renunciaram ao cargo, como o vice Álvaro García Linera, a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, e o presidente da Câmara de Deputados,.Victor Borda.
No dia 20 de outubro, Evo Morales foi reconduzido ao cargo, mas desde então vários protestos contra a sua reeleição vêm acontecendo, além da perda de apoio das Forças Armadas e da Polícia. O que acontece nessas eleições de 2019 na Bolívia é semelhante ao que ocorreuu nas eleições do ano passado no Brasil, quando o país estava polarizado.
Durante seu anúncio, Evo disse:“Lamento muito esse golpe cívico, e de alguns setores da polícia que se juntaram para atentar contra a democracia, contra a paz social com violência, com amedrontamento para intimidar o povo boliviano”.
Além dos protestos, e da perda de apoio, outro fator que o levou à decisão foi o fato da Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgar que as eleições haviam sido fraudadas. Por isso, o ex-presidente inclusive cogitou a possibilidade de convocar novas eleições.
Por meio das redes sociais, Carlos Mesa, um de seus principais opositores, comemorou: “À Bolivia, ao seu povo, aos jovens, às mulheres, ao heroísmo da resistência pacífica. Nunca me esquecerei este dia único. O fim da tirania. Agradecido como boliviano por essa lição. Viva a Bolívia!”
No dia 11 de novembro, Evo Morales deixou o país rumo ao México, que lhe concedeu asilo político. Essa saída deixa a Bolívia com incertezas sobre o futuro da política e da economia boliviana.
Sobre Evo Morales
No poder desde 22 de janeiro de 2006, Morales foi o presidente boliviano que esteve no cargo por mais tempo na história do país, passando por quatro mandatos consecutivos. Sua trajetória política se assemelha a do ex-presidente Lula, ambos eram membros de sindicatos – Morales era do sindicato dos cocaleiros – e entraram na política norteados por objetivos em comum: diminuir a desigualdade social em seus respectivos países.
Sua carreira política iniciou-se em 1995, com o cargo de deputado federal, antes de concorrer às eleições de 2002, quando terminou em segundo lugar, perdendo o cargo máximo da administração do país para seu adversário Jânio Quiroga.
Evo Morales assumiu a Presidência da Bolívia em 2006. O contexto econômico da época era favorável: Devido à valorização das commodites, o continente latino-americano vivia um momento de prosperidade. Grande parte desses países era governada por partidos de esquerda, como Lula no Brasil, Hugo Chavéz na Venezuela e Néstor Kirchner na Argenta. Esse período ficou conhecido como a “maré vermelha”.
Durante seus anos como presidente, Evo foi responsável por implementar políticas de nacionalização do petróleo e do gás natural. A economia da Bolívia cresceu consideravelmente, cerca de 4,5% ao ano.