Por: Anna Bracarence
Jornalistas lançam livro sobre história de refugiados na PUC Minas
Na quinta-feira, dia 19 de setembro, houve o lançamento do livro Entre-Lugares, de autoria das jornalistas Paula Dornelas e Roberta Nunes. O livro é sobre a história de refugiados, migrantes e apátridas, trata das suas trajetórias e experiências, o que os levou a sair de suas terras e recomeçar no Brasil, até que o considerassem um novo lar.
A obra nasceu de um encontro entre as autoras e os pesquisadores Duval Fernandes e Maria da Consolação. A escritora Roberta Nunes conta que todos eles tinham interesse em falar sobre o tema, de forma que pudessem incentivar a conscientização da temática e aproximar as realidades de países tão diferentes. Ela e a co-autora Paula Dornelas realizaram as entrevistas nos últimos dois anos, enquanto a fotógrafa Luiza Gontijo registrava os momentos e a artista Yanaki Herrera ilustrava cada história.
As autoras, como boas jornalistas, procuram informar os leitores, mas deixam que a história de cada um deles fale por si. Para elas, não bastava relatar as vivências de cada um, como reportagens individuais. Tratam-se de histórias intercaladas, das quais elas fizeram parte para transformar em uma única história. E agora os leitores poderão fazer parte também, tendo empatia por cada protagonista do livro.
Entre-Lugares, segundo as jornalistas, foi escrita para tocar pessoas, para mudar o olhar de cada um sobre o outro. E, se for como os protagonistas descreveram no lançamento, o livro tem potencial suficiente para cumprir esse papel. “Eu tenho certeza que quando vocês lerem nosso livro vão gostar, se emocionar e aprender mais”, declarou Benediction Wetemwami Kipuni, uma das envolvidas.
Outro “personagem” do livro, José Miguel da Silva, contou que já deu muitas entrevistas, não só no Brasil, e nunca se sentiu assim.:“Nunca me senti olhado como humano. Nunca senti que uma pessoa que me entrevistasse desse jeito, queria chegar no meu coração, na minha humanidade, sabe?” É por esse motivo que Miguel e tantos outros protagonistas acreditam no poder da obra para tocar os leitores.
Mais do que proporcionar uma leitura emocionante, o objetivo dos participantes era mudar os estereótipos que são disseminados sobre a imigração. Roberta lembra que migrar é um direito. “Nenhum ser humano é ilegal e todos devem ter acesso à saúde e à educação”,afirma. A intenção dos envolvidos é deixar esses conceitos claros e fazer com que histórias tão importantes sejam conhecidas pela população. “Eu acredito que todos precisam saber o que os imigrantes passam fora do país.” declarou Benediction.