Em Belo Horizonte, nos topamos, todos os dias, com incontáveis outdoors, vamos e voltamos de lugares por meio dos metrôs, almoçamos em self-services magicamente abastecidos e nos servimos de bibliotecas perfeitamente organizadas e funcionais. O que tudo isso tem em comum é que quase nunca (quase nunca mesmo) paramos para pensar em quem são os agentes invisíveis por trás dessas “mágicas”. Afinal, quem são esses personagens desconhecidos?
Rogério da Silva Marques é um deles. Hoje, aos 57 anos, já dedicou mais de um terço de sua vida a tornar e manter a Biblioteca do campus Coração Eucarístico, da PUC Minas, pronta para ser usada. O belo-horizontino, que começou a trabalhar na Universidade em 1980 como limpador de vidros no Departamento de Conservação e Manutenção (DCM), logo foi transferido para a Biblioteca, onde trabalha há 39 anos.
Graduado em Ciências Contábeis pela PUC e em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele, hoje, trabalha no setor de processamento técnico da Biblioteca da Universidade Católica.
Quando eu comecei trabalhando na Biblioteca, eu fiz contabilidade. Eu tinha uma graduação, mas não tinha a experiência. Por outro lado, como eu trabalhava como auxiliar na Biblioteca, eu tinha a experiência, mas não tinha a graduação. Então uni o útil ao agradável”.
Mas a função de Rogério nem sempre foi catalogar materiais. Foi trabalhando na assistência informacional da Biblioteca, ainda no século passado, que ele começou a sua carreira e conheceu, nada mais, nada menos, que o amor de sua vida, Martha Lúcia. “Nós dois nos conhecemos aqui na biblioteca e casamos em 94”, contou.
Rogério é doce, sereno, e é um dos milhões de personagens desconhecidos dentre a multidão oculta pelo ritmo da grande cidade. Ele é a prova viva de que a mágica da vida acontece em todos os mínimos espaços, bem debaixo dos nossos narizes.
Produção e redação: Bruna Silveira, Celso Lamounier, Larissa Duarte e Leticia Fulgêncio