Muitas pessoas defendem que as redes sociais digitais são um passatempo, um lugar para lazer. Alguns até acreditam que elas não são importantes e que não deveriam receber tanto da nossa atenção. Entretanto, foi por meio de um post no Twitter, uma mídia social, que Georgia Guido Sant’Anna, 22, conseguiu a força necessária para tratar um câncer.
Amante de viagens, Georgia tinha uma rotina atarefada. Estudante de Direito, por influência de seu avô desembargador, ela levava uma vida normal. Até que tudo mudou: no final de 2015, ela foi diagnosticada com linfoma, um tipo de câncer que ataca o sistema linfático. “Eu não tava dando conta de fazer as coisas que eu fazia. Eu tava me sentindo muito cansada para fazer as coisas que eu já tava acostumada”.
Georgia iniciou seu tratamento e apesar das dificuldades, disse que se sentia aliviada por não ser necessário passar por uma cirurgia. Ela fez seis meses de quimioterapia e durante esse tempo, precisou trancar sua matrícula na faculdade para fazer o tratamento. A primeira vez em que ela se sentiu doente foi quando seu cabelo começou a cair devido a quimioterapia: “Eu passava a mão no cabelo e ele saia todo na minha mão, aí eu comecei realmente a pensar ‘tem alguma coisa errada’”.
Foi quando percebeu que sua vida teria que mudar. “Eu vi que realmente ia ter que me afastar das coisas que eu estava acostumada a fazer”, contou. Os planos para o futuro também precisaram ser adiados: “Foi a primeira coisa que ameaçou tudo que eu tinha planejado… Viajar, formar cedo”.
Felizmente, seu corpo reagiu bem ao tratamento e isso fez com que ela começasse a estudar por conta própria. Sem desistir de seu sonho, formar na faculdade, Georgia estudava durante suas sessões de radioterapia e ao finalizar o tratamento, ela conseguiu reabrir sua matrícula e voltou a viajar.
Mas o alívio e a alegria de voltar a aproveitar uma das suas maiores paixões durou pouco. Em Búzios, no litoral carioca, onde escolheu recomeçar a sua rotina de viagens, logo notou comportamentos físicos inabituais. Georgia teve reações alérgicas à água do mar, dores muito fortes no pescoço e mal-estar, e voltou imediatamente à Belo Horizonte para investigar a causa.
Quando o resultado da biópsia saiu, ela teve uma surpresa muito dolorosa: o linfoma tinha voltado – ainda mais forte. Nesse momento, “o mundo deu uma desabada”, disse Georgia. “Foi o pior dia. O dia que eu reconfirmei que eu tava doente”.
Dessa vez, o tratamento foi mais penoso. A estudante, que chegou a ficar isolada em um quarto de hospital por 21 dias, precisaria de um transplante de medula óssea e transfusões de sangue.
Foi aí que Georgia se surpreendeu com o poder das redes sociais. Seu irmão, Samuel, expôs no Facebook e no Twitter a situação da irmã com o objetivo de conseguir as doações necessárias, e recebeu, no Twitter, cerca de 16 mil retuítes (compartilhamentos). “Foi uma parte muito linda, muito linda mesmo do meu tratamento”, disse a estudante.
Por causa da ótima resposta às intervenções médicas e da mobilização das pessoas para doar sangue, Georgia voltou a se sentir bem e começou a colocar a vida de volta nos trilhos para finalmente partir para o próximo destino. Conheceu a Argentina, seu 13° país, e, assim que voltou, retornou a sua outra grande paixão: a faculdade de Direito. “Uma coisa que eu não suporto é ser desafiada. Eu faço tudo, tudo, tudo pra dar conta se alguém duvidar que eu consigo”, garantiu Georgia. E foi exatamente o que ela fez.
Produção e redação: Bruna Silveira, Celso Lamounier, Larissa Duarte e Leticia Fulgêncio