Sophia Mendonça é jornalista, escritora e fundadora do Mundo Autista (vinculado ao Portal UAI), idealizado por ela e sua mãe Selma Sueli, que também é jornalista. No Mês da Conscientização sobre o Autismo, Sophia Mendonça conta em entrevista ao Colab sua história como mulher trans e autista.
Com apenas 24 anos, ela já escreveu sete livros e atualmente é membro do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Acessibilidade e Vulnerabilidades, o Afetos, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Cada pessoa do espectro tem uma história única com autismo. Você pode contar um pouco da sua história?
Quando eu era criança, todo mundo achava que a minha mãe tinha tirado a sorte grande. Na época, falaram que era superdotação, altas habilidades, embora o meu teste de QI não tenha sido completo para afirmar que eu tenho altas habilidades. Mas, aos 7 anos, eu acabei entrando no ensino fundamental e começaram as crises que eu tinha em casa. Porque, eu tenho um bom cognitivo, então, eu fazia um esforço muito grande para me adequar, atender às expectativas dos outros.
Uma autista adulta (Liane Willey Holliday) escreveu um livro, “Pretend to be Normal“, em que ela falava que passava muito tempo no mundo como observadora. Ela observava o que as pessoas queriam e oferecia para as pessoas o que ela achava que iria agradar. Eu me identifico muito com isso. Sempre tive um desejo de agradar o outro. Aquele estereótipo do autista que não tem empatia, que tem dificuldades de interação – sim, eu tenho baixa habilidade social, mas, em um primeiro momento, eu era extremamente extrovertida – não é o meu caso. Eu fui perdendo isso ao longo do meu crescimento, mas, felizmente, resgatei a espontaneidade depois das terapias e uma série de intervenções.
Aquele estereótipo do autista que não tem empatia, que tem dificuldades de interação, não é o meu caso.
Eu fui diagnosticada aos onze anos, mas só fiquei sabendo aos treze, dois anos depois, por recomendação. Mas a minha mãe também é autista e não conseguiu segurar. Então, ela falou assim, “você é Asperger (que era como se referia o autismo leve naquela época)”. Eu já conhecia o autismo leve, que de leve não tem nada. A gente tem todas as características do autismo, mas nós demandamos um menor nível de suporte que os autistas grau três ou dois, por exemplo. Só que eu tive um luto. Fala-se muito do luto que os pais têm quando recebem o diagnóstico dos filhos, mas eu também tive, porque percebi que tudo que eu fazia, e às vezes dava um resultado errado, era em função de ter um cérebro neurodivergente. E tudo bem ter um cérebro neurodivergente, mas você tem que aprender as regras do jogo para saber lidar com esse cérebro.
Nessa época, eu fui atendida por profissionais muito conservadores que tinham uma ideia do autismo como algo a ser consertado. Então, eu tinha que aprender a falar de futebol para entrar em um grupinho de amigos, por exemplo. Mas eu não queria isso! Eu queria ser aceita por ser uma vida única e singular. Queria criar uma ponte com as outras pessoas para que elas me compreendessem e eu também as compreendesse.
Talvez, por isso, eu sempre tive um desejo de quebrar tabus (risos) dentro do autismo mesmo, sabe? E a primeira coisa que eu fiz com base nisso foi a escolha do curso de Jornalismo e depois o mestrado em Comunicação Social, que é justamente a área que os autistas têm maior déficit. Claro que varia de pessoa para pessoa como esse déficit se manifesta, mas o autismo está muito ligado a essa baixa habilidade na comunicação social.
Em 2015, eu lancei o meu canal no YouTube, O Mundo Autista e pude devolver para a sociedade muito do que eu construí na minha inclusão escolar, que foi, apesar dos erros, uma inclusão muito cuidadosa. E, ao mesmo tempo, também pude falar sobre tudo que eu sofri em termos de ter sido diagnosticada em uma época que tinha pouco conhecimento sobre autismo, pouco conhecimento do autismo no feminino e pouco sobre o autismo LGBTQ+. O combinado, quando eu e minha mãe criamos esse canal, era que nenhuma família se sentisse sozinha como a gente se sentiu um dia. Então, a gente parte desse ponto. Diariamente recebemos mensagens de pessoas que tiveram o diagnóstico após assistirem a vídeos do canal. Então, eu acredito muito no jornalismo como uma função social, como uma prática social e eu vejo que realmente tem tocado o coração das pessoas o nosso trabalho e que elas se tornam multiplicadoras. Nosso trabalho é isso, para fortalecer e empoderar as pessoas.
O combinado, quando eu e minha mãe criamos esse canal (O Mundo Autista), era que nenhuma família se sentisse sozinha como a gente se sentiu um dia.
Acredita que o diagnóstico poderia ter acontecido antes se a sociedade e especialistas da área médica tivessem mais conhecimento sobre o autismo em meninas?
O diagnóstico tardio para a mulher é uma realidade por cobranças sociais e por questões neurológicas mesmo. No meu livro “Neurodivergentes: Autismo na Contemporaneidade”, tem um capítulo que eu estudo só o espectro no feminino e é interessante, porque os estudos mostram que mesmo nas pessoas neurotípicas, e também nas pessoas autistas, existe uma diferença neurológica entre homens e mulheres que faz com que as mulheres sejam mais atentas às reações das pessoas do ambiente. Também tem uma questão cultural que cobra mais das mulheres brincadeiras simbólicas, tipo Barbie, brincadeiras de modelagem e até amigas que corrigem comportamentos “equivocados”. Isso tudo faz com que a mulher mascare melhor, tem até um termo em inglês que se chama masking, que é essa camuflagem social que homens autistas também podem fazer, mas que é muito mais frequente na mulher.
O diagnóstico tardio para a mulher é uma realidade por cobranças sociais e por questões neurológicas.
Eu não sou uma mulher cis, sou uma mulher trans, então, quando eu fui diagnosticada, ainda tive, na época, o diagnóstico como se eu fosse homem e isso talvez facilitou um pouco para não ser ainda mais tarde. Muita coisa eu sabia e como brincava com meninas, tinha hiperfoco em coisas socialmente ligadas ao feminino, como histórias, tinha uma boa imaginação, tinha uma facilidade com simbologias, escrevia muito bem e tinha um interesse mais focado para humanas. Então, isso tudo levou as pessoas a não acreditarcem que eu poderia ser autista em um primeiro momento, porque tinha aquele estereótipo do autista homem, cis e com habilidades sempre nas exatas. Aquele gênio das exatas com “esquisitismos” muito evidentes. Mas, na mulher, essa rigidez de pensamento, essa dificuldade de interação, ela se manifesta de uma maneira muito mais sutil.
Muitas pessoas contam um alívio ao entenderem que são autistas. Você acredita que o diagnóstico foi positivo para o seu desenvolvimento? Como ele mudou a forma como você se via?
Com certeza foi uma libertação. A frase mais comum que vocês vão ouvir é essa, “foi libertador”. Eu falei que tive um luto ao perceber que algumas atitudes que eu fazia e que tinham resultados inadequados para a adolescência eram devido a eu ter um cérebro neurodivergente. Mas, por outro lado, esse luto logo se transformou em luta, como outros pais de autistas também dizem, e eu percebi que esse diagnóstico era um norte. Eu não vejo o diagnóstico como um rótulo, porque rótulo a gente tem o tempo todo, seja de mimada, muito faladeira, sem noção ou, por outro lado, muito robótica, muito sedada. Mas o diagnóstico ele veio como um norte para eu poder entender as minhas atitudes e por que algumas coisas aconteciam.
A frase mais comum que vocês vão ouvir é essa, “foi libertador”.
Claro que, em se tratando de uma síndrome, ninguém tem todas as características ou manifesta as características da mesma maneira, então, tem a literatura que é muito importante, mas também tem as nuances e especificidades de cada pessoa. E aí eu fui me percebendo, “não peraí isso daqui eu sou assim”, “isso daqui eu sou assim, mas dessa forma”, ” isso daqui já não se encaixa bem comigo”. Fui me descobrindo melhor e o autoconhecimento é tudo, porque, quando você conhece a si mesma, você pode mudar qualquer situação. Então, eu passei a ter mais humildade. Por exemplo, eu fui recomendada a não contar para os meus colegas de escola que eu era autista, mas eu acabei contando, até porque eu não sei mentir também (risos). Então, eles passaram a perceber que quando eu tinha determinadas situações não era porque eu tinha uma má intenção, porque eu estava com preguiça ou não queria aprender. Eles perceberam que eu tinha algumas dificuldades que eles podiam me ajudar. E foi um aprendizado lindo. Foi a primeira vez que eu consegui ter amigos de verdade.
Na escola e na faculdade você foi ensinada e avaliada por métodos tradicionais ou alternativos?
Escola normal, escola particular, métodos tradicionais, mas à medida em que eu fui crescendo, a gente foi percebendo algumas questões que pesavam. No Ensino Fundamental I, o que pesava era a cobrança por uma independência, por uma autonomia que eu não conseguia ter no mesmo processo ou no mesmo tempo que as outras pessoas. Eu tinha a impressão de que eu tinha que dormir dependente e acordar independente, porque, o que é intuitivo para as outras pessoas, para mim, não é. Aí veio, no Ensino Fundamental II, essa pressão pela socialização. Eu sempre tive uma colega, uma amiga, uma pessoa de suporte para me ajudar a decodificar aquele mundo escolar, mas no 8º ano, em 2010, um dos piores anos da minha vida, talvez o pior, eu fiquei sem essa pessoa de suporte e isso me trouxe muito sofrimento.
No Ensino Médio, eu tive uma relação melhor com as pessoas, conquistei amigos que tenho contato até hoje, mas o que pegou mesmo foi o volume. E isso se estendeu até na faculdade. Na faculdade, eu tive uma mediadora, não para tirar a minha autonomia, mas pelo contrário, para me fornecer a ferramenta para decodificar o mundo para mim, como uma tradutora do mundo, para que eu pudesse entender essa rede entre professores, coordenação, colegas e amigos, e poder ser mais produtiva, poder interagir melhor com as pessoas. Então, isso foi muito positivo.
O senso comum fala assim, “se eu der dez atividades valendo dez pontos, as pessoas vão ter mais chance do que se eu der duas atividades valendo mais pontos”. Mas, como autista, o controle de qualidade é meu, então tudo o que eu faço com a maior dedicação, com o cérebro hiperexcitado, com hiperfoco, me desgasta muito, dá burnout, me desgasta muito forte se o volume é muito grande.
Agora, no mestrado, felizmente, embora o conteúdo seja mais difícil ainda, numa linguagem mais desafiadora, o volume é menor. E, no mestrado, eu tive uma rede de suporte de amigos muito fantástica e uma orientadora fabulosa que me ajudou a compreender isso. Então, eu tive essa adaptação no sentido de ter uma mediação no ensino superior para traduzir o mundo acadêmico, dos diálogos e tudo para eu poder ser mais atuante e autônoma.
Com a questão dos trabalhos e das provas, os professores ficavam atentos, já cheguei a fazer prova adaptada, porque, por exemplo, com alguma charge o meu cérebro poderia ter dificuldade em pegar, alguma questão mais ambígua. Então eu não fiz o Enem, fiz o vestibular tradicional do UniBH, que falavam até que era mais difícil que o Enem, mas era mais objetivo e menor. Então, para evitar essa exaustão e para eu conseguir responder perguntas mais claras e mais objetivas, eu fiz essa escolha. Tive suporte de transcritor também durante esse período.
Por que você escolheu cursar jornalismo? Como foi a sua trajetória na faculdade e no curso?
A faculdade foi maravilhosa! Pela primeira vez eu me senti parte de um grupo de amigos e foi engraçado que foi o único grupo que permaneceu unido do primeiro ao oitavo período. Lá eu não era a autista, assim, “ela é autista e faz um monte de coisas”, mas, “ela faz um monte de coisas e é autista”. O grupo era bacana porque cada pessoa tinha suas características e era muito singular, diferente entre si, mas que se complementava. Então a gente extraiu o melhor de cada pessoa.
A faculdade foi muito boa porque me fez ter uma visão da semiótica primeiro, que é uma coisa difícil para autistas por causa dessa dificuldade em linguagem. Imagina, então, essa linguagem subliminar da semiótica. Mas abriu a minha mente para perceber como se dão os intrincados processos de comunicação, e como esses processos não são simples como a minha rigidez de pensamento vai me fazer acreditar. Eles são muito mais complexos. Não é à toa que eu escolhi o assunto para a pesquisa no mestrado.
O meu TCC foi um livro jornalístico acadêmico que eu já citei, o “Neurodivergentes”, que foi o meu quarto livro, eu escrevi sete ao todo. E o “Neurodivergentes” foi proposto porque eu falei com o professor que eu queria transformar meu hiperfoco de pesquisa em algo que fosse produtivo para a faculdade e ele falou assim, “não só pode como deve, eu quero ser seu orientador”. Como ele gostava muito da minha escrita jornalística também, ele propôs que eu escrevesse um livro jornalístico acadêmico sobre autismo na contemporaneidade, em que eu entrevistei pais autistas, profissionais, como uma visão não só das evidências científicas, mas também de vanguarda, o que vai ser o futuro do autismo. E eu argumentei com ele na época – com o Maurício Guilherme Silva Júnior, que é um excelente professor e fez estágio pós-doutoral em jornalismo científico – que se você quer transformar um cérebro neurodivergente à moda do cérebro típico, ele não vai desenvolver o máximo do potencial dele como se desenvolveria do jeito que ele é. Por isso, a gente sempre pensou estratégias assim como muito diálogo e comunicação.
Como foi o processo de se entender e se assumir como uma mulher trans autista? Quais foram os maiores desafios e como foi a sua transição social?
Meu maior fantasma não foi o autismo, foi realmente a questão de ser transgênero. Eu não tenho memória de me comunicar comigo mesma sem ser pelo feminino mentalmente. Na infância, eu tive várias atitudes, pegava roupas da minha mãe, colocava toalha no cabelo para fazer um cabelo grande, colocava absorvente na genitália. Mas era aquela coisa, não sabia se era de criança, se era de autista. As pessoas não sabiam o que que era.
Meu maior fantasma não foi o autismo, foi realmente a questão de ser transgênero.
Quando eu ia aos médicos eu tinha um jeito muito incisivo de querer que eles me tratassem como tratavam os adultos. Um médico uma vez falou assim com a minha mãe, “você percebeu que o seu filho é afeminado?”. Havia uma confusão muito grande entre gênero e sexualidade. Já tinha falado para a minha mãe, desde a primeira infância, que eu me sentia uma mulher presa em um corpo de homem, que eu era mulher, que eu tinha toda essa construção do que é ser mulher, mas eu não tinha o corpo feminino. Mas eu performava muito a feminilidade desde sempre. Fazia unha e tudo mais.
Quando eu fui falar com os profissionais que me acompanhavam na época, eles tiveram uma reação muito estranha. Talvez por não conhecerem muito sobre o assunto e por confundirem gênero com sexualidade. Então, eles falavam, “você já se apaixonou”, “você é gay?”. Eu sou uma mulher trans heterossexual, eu tenho atração por homens. E isso nem era o mais importante, porque, para mim, eu sou quase assexual. Então, eu lembro que foi muito traumático conversar com profissionais em um primeiro momento, porque eles não entendiam e iam me enrolando falando, “tem que esperar apaixonar”. Um psiquiatra chegou a, literalmente, rir da cara da minha mãe quando ela falou dessa minha demanda com ele. Foi muito difícil e aí eu comecei a bloquear isso, tentar bloquear. Tentei aceitar o rótulo de homem gay, porque era mais leve para a sociedade. Mas, aquilo não desfazia a minha angústia, porque a minha questão não era a afetividade, a sexualidade. A minha questão era como eu era em essência, em identidade de gênero mesmo.
Tentei aceitar o rótulo de homem gay, porque era mais leve para a sociedade. Mas, aquilo não desfazia a minha angústia, porque a minha questão não era a afetividade, a sexualidade. A minha questão era como eu era em essência, em identidade de gênero mesmo.
Aí eu mudei de equipe, em 2017, e comecei a falar mais sobre essa questão da incongruência de gênero com o meu psiquiatra, só que ele também não entendia muito. Até que um dia ele me indicou um psiquiatra especialista em gênero e eu fui lá. A identidade de gênero é autodeclarada, atualmente, mas há casos em que ela não vai ser autodeclarada, que eles intervêm, são casos de pessoas com sintomas psicóticos muito graves ou pessoas com deficiência intelectual que podem não ter todos os elementos para perceber o que elas são em essência. O que não significa também que elas não possam ser trans, não estou falando isso, estou falando que é um caso que prestam mais atenção. Mas, o meu caso não. Eu tinha total consciência do que eu sempre fui.
Embora eu esteja aliviada e muito feliz de poder finalmente expressar quem eu sou, porque é uma comunicação inclusive comigo mesma e com o meu corpo, ao mesmo tempo, eu tive um luto muito forte de pensar que a vida toda eu fui obrigada a me encaixar em uma caixinha que não era eu e fui muito invalidada por quem em tese mais deveria me ajudar, que eram os profissionais de saúde.
Em artigo para o Colab, o editor-chefe da Revista Autismo, Francisco Paiva Junior, afirmou que não devemos olhar só as limitações e os comprometimentos de pessoas autistas, mas olhar também os seus potenciais. A colorista digital Marina Amaral e o desenhista Stephen Wiltshire são alguns exemplos de casos em que o diagnóstico do TEA os ajudaram a compreender seus talentos. Você percebe características únicas suas que considera um talento ou vantagem?
Existem muitos autistas, até sem diagnóstico, muito conhecidos, e alguns com diagnóstico mesmo, como a atriz Daryl Hannah que fez Splash, um filme bastante famoso dos anos 80 e Kill Bill, do Quentin Tarantino, e a Courtney Love, que é mais conhecida por ser viúva do Kurt Cobain, mas que é uma excelente atriz e eu gosto muito dela também como cantora e compositora. Tem muitos autistas que se destacam de alguma forma, o que não significa que eles não enfrentam desafios. O sofrimento existe, é real, mas a gente deve sempre buscar jogar luz nas habilidades, nas potencialidades e não tentar moldar esse cérebro como se ele fosse um cérebro típico.
Recentemente eu, dirigi um documentário chamado “Autwork: Autistas no mercado de trabalho”, junto com a minha mãe, e a RH da Kantar IBOPE Media falou que esse olhar processual, essa percepção muito grande de detalhes são coisas que as pessoas procuram muito no mercado de trabalho e que as pessoas autistas têm de maneira mais evidente. A maneira como eu articulo os meus textos, com o meu hiperfoco, eu consigo pensar em muitas coisas ao mesmo tempo e traduzir isso em palavras, traduzir em palavras sempre foi fácil, mas depois que eu aprendi na linguagem escrita, ficou muito mais tranquilo. Eu comecei a escrever para me comunicar e para me expressar.
O primeiro livro que eu escrevi, o “Outro Olhar“, se esgotou em dois dias, a primeira edição. E eu percebi o quanto isso podia ajudar outras pessoas. O hiperfoco, para mim, é um convite a aprender mais. Por exemplo, quando criança, eu tinha hiperfoco em um desenho chamado Três Espiãs Demais que me levou a conhecer todos os países do mundo, porque elas viajavam o mundo todo. Então, da mesma forma, o hiperfoco me permite, quando eu estou desenvolvendo uma pesquisa, um trabalho, a fazer coisas com qualidade e certa agilidade.
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