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Mineirão: 60 anos de história, emoção e memórias afetivas

Estádio mineirão completa 60 anos/ Crédito: Bruna Sarnaglia

Há 60 anos, no dia 5 de setembro de 1965, foi inaugurado o Estádio Governador Magalhães Pinto, popularmente conhecido como Mineirão. Sua história começou a ser escrita na década de 1940, quando o futebol em Minas Gerais superou a capacidade dos estádios de América, Atlético e Cruzeiro. Uma década mais tarde, nos anos 1950, o sonho de um estádio grandioso começou a ganhar forma, impulsionado por uma lei estadual e verbas da Loteria Mineira. A área escolhida foi a da Pampulha, um bairro em plena expansão que logo se tornaria um dos cartões-postais da cidade.

Projetado pelos arquitetos Eduardo Mendes Guimarães Júnior e Gaspar Garreto, o estádio foi concebido para ser monumental, capaz de abrigar partidas de alto nível e grandes eventos. A partida inaugural, entre a Seleção Mineira e o River Plate, foi o pontapé inicial de uma trajetória de glórias, dramas e momentos inesquecíveis que marcaram a cultura e a paixão esportiva dos mineiros.

A era de ouro: o Mineirão raiz

Desde a fundação até os anos de 2010, quando iniciaram-se as reformas para a Copa do Mundo de 2014, o Mineirão chegou a ter capacidade para 130 mil pessoas, o que criava uma atmosfera inigualável no espaço. As arquibancadas, divididas em setores de cores distintas, amarelo, vermelho, laranja, roxo e branco, ajudavam a identificar a localização dos torcedores, formando um mosaico humano.

Em 1997, durante a final do Campeonato Mineiro em que o Cruzeiro conquistou o bicampeonato em cima do Villa Nova, o gigante da pampulha recebia o maior público de sua história: 132 mil torcedores nas arquibancadas. O ex-jogador do Cruzeiro, Marcelo Ramos, também recorda com emoção e carinho esse jogo que para ele foi especial e emocionante. “Eu joguei no maior público do estádio e ainda fiz o gol do título do Cruzeiro, pra mim esse jogo é especial e marcante”.

Uma das características mais emblemáticas e nostálgicas do Estádio desde da época em que foi inaugurado, era a Geral. Localizada no nível do campo, a Geral era um espaço sem cadeiras onde os torcedores assistiam aos jogos em pé, ombro a ombro. Os ingressos para essa área eram mais baratos, o que tornava a experiência acessível para um público mais amplo. Essa proximidade com o campo gerava uma energia e um senso de comunidade únicos, transformando o local em um caldeirão de paixões.

Ramos também destaca a atmosfera daquele Mineirão antigo. “A atmosfera era incrível, e a proximidade com a torcida, especialmente na Geral, era muito motivadora. Hoje a torcida ainda fica próxima, mas naquela época a emoção era única.”

Essa lembrança também é compartilhada por Danilo Rocha Passos, atleticano e frequentador do estádio nas décadas passadas. Ele relembra que ir ao Mineirão era mais do que assistir a uma partida: era um ritual em família. “Era uma experiência sempre muito boa, pois sempre estava acompanhado da família e amigos. Encontrar, caminhar, chegar antes para ficar conversando.Não existia a preocupação de hoje com segurança e violência das torcidas”.

O torcedor atleticano ainda descreve as peculiaridades daquela época. Segundo ele, muitos torcedores levavam pequenas almofadas para se sentar no cimento cru da arquibancada, além dos tradicionais radinhos de pilha para acompanhar a transmissão.

Sebastião Pedro, analista de benefícios e torcedor do Cruzeiro, também  conta como foi a experiência de ir ao mineirão antigo: “Frequentei o Mineirão antigo desde a infância até o fechamento para a reforma. A cada jogo uma experiência nova. Muitas vitórias do meu time, algumas decepções, mas a paixão pelo futebol começou ali. Às tardes de domingo, as noites chuvosas do meio de semana. As barracas de feira em volta do Mineirão, churrasco e feijão tropeiro, ambiente muito bom.

Mineirão antigo com a torcida do Cruzeiro/ Crédito: Sdhaka2000
Mineirão antigo sendo palco de mais uma partida de futebol
Crédito: Sdhaka2000/ Flickr

A única voz feminina do Mineirão

Eu senti o Mineirão tremer- Pollyanna Andrade 

A locutora Pollyanna Andrade, que atua no Mineirão desde 1999, foi a primeira mulher a atuar como locutora do gigante da Pampulha, em um ambiente até então ocupado apenas por homens. 

Há 26 anos na função, ela conta que a história do estádio se confunde com a sua própria trajetória.“Ser a voz do Mineirão por 26 anos é motivo de muita alegria e muito orgulho, muita gratidão, por todos que acreditaram em mim e por todos que abriram portas. É um privilégio, porque o Mineirão é um dos estádios mais icônicos do mundo”. Pollyanna Andrade se emocionou em diversos jogos, mas um em particular a marcou profundamente. “Se for para citar um só, eu cito Cruzeiro e São Paulo, em 2000, na final da Copa do Brasil. Que o gol do Cruzeiro saiu no finalzinho… aquilo ali, gente, foi ver o Mineirão tremer mesmo, eu senti o Mineirão tremer”.

No comando da locução,Pollyanna Andrade, a primeira mulher a assumir o microfone do mineirão
Créditos: Arquivo pessoal de Pollyanna Andrade

Ao longo de sua carreira, a locutora enfrentou olhares desconfiados por ser uma mulher jovem em um ambiente majoritariamente masculino. “Quando eu comecei, em 1999, eu percebia uns olhares diferenciados. Eu nunca sofri um preconceito diretamente, mas eu percebia as pessoas olhando diferente, como se pensassem: ‘Nossa, será que essa menina entende de futebol?’”. No entanto, ela relata que a conexão com a torcida só cresceu. “Eu sempre fui muito bem acolhida pelas torcidas de todos os times de Minas. Eu fui provando que eu era capaz de fazer, independentemente de ser mulher ou homem. A conexão é enorme e a gente percebe uma troca, um carinho, um feedback. É um trabalho de conexão mesmo”.

Locução

A reforma do Mineirão não mudou apenas a estrutura física, mas também o estilo da locução. Segundo Pollyanna Andrade, a mudança foi profunda. “Antes, a locução era mais linear, imparcial, informativa. A ADEMG [Administração dos Estádios de Minas Gerais] informava que a escalação do Cruzeiro, a substituição no Atlético, era no mesmo tom. Já depois da reforma, a gente mudou muito o estilo. A locução é mais próxima do torcedor, mais solta, mais interativa, que eu falo, eu espero, às vezes, a torcida responder, pra depois continuar falando. ‘Fala, Nação Azul! Vamos agora à escalação do Cruzeirão Cabuloso!’ Aquela coisa que chama o torcedor”.

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Questionada se o Mineirão do século XXI conseguiu manter a alma do antigo, Pollyanna Andrade é categórica. “Eu acredito que sim, porque a alma está no torcedor. É o torcedor que faz isso acontecer aqui. A alma do Mineirão não está no concreto, no que é físico. Está na torcida, que faz o estádio vibrar, que faz o estádio pulsar, que faz tudo acontecer”. Para ela, mesmo com as mudanças, a essência permanece. “Deixa muita saudade o Mineirão do jeito que era, traz muitas lembranças. Mas o Mineirão de hoje é maravilhoso. É um estádio realmente icônico e eu acho que ainda vai ser palco de muitos momentos emocionantes”.

A transformação para a Copa do Mundo

A Copa do Mundo de 2014 marcou o início de uma grande reforma no Mineirão. Entre 2010 e 2012, o estádio foi completamente modernizado, mas a reforma gerou controvérsias, principalmente com a demolição da Geral e a substituição das arquibancadas de concreto por cadeiras modernas. Essas mudanças reduziram a capacidade para cerca de 62 mil pessoas.

O gigante da pampulha teve que passar por essa grande transformação para se adequar aos padrões exigidos pela Fifa [Federação internacional de futebol Associado] para ser palco de grandes jogos da Copa do Mundo de 2014. Durante a obra, a arquitetura original do Mineirão foi cuidadosamente preservada, especialmente a fachada e a cobertura do anel superior. Novas cadeiras, camarotes e banheiros foram instalados, além da criação de espaços para a imprensa. A acessibilidade também foi um ponto chave, com a construção de rampas e elevadores.

Reforma do gigante da pampulha para receber jogos da copa do mundo de 2014
Crédito:Sylvio Coutinho/ Flickr

Alexandre Simões, jornalista esportivo da Itatiaia,  destaca os impactos financeiros e sociais dessa reforma no estádio: “Além da mudança estrutural, houve a elitização das arenas. O Mineirão reinaugurado coincidiu com os anos de ouro: Cruzeiro bicampeão brasileiro, Atlético campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. Isso aumentou a demanda e os preços dos ingressos. Mudou o espetáculo, mudou o custo para clubes e torcedores”.

A reinauguração do Mineirão, foi em 2013, com um clássico entre Cruzeiro e Atlético que marcou o início de uma nova era para o futebol mineiro. O estádio não só sediou seis partidas da Copa do Mundo, incluindo a semifinal entre Brasil e Alemanha, mas também se tornou um complexo multiuso. 

O projeto de modernização, conduzido pela Minas Arena por meio de uma parceria pública-privada, reformulou o estádio para que se tornasse uma arena multiuso. A nova estrutura inclui a Esplanada, uma área de 92.324,80 mil metros quadrados ideal para shows e eventos, e um estacionamento com capacidade para 3.172 veículos.

O novo mineirão e sua evolução 

O Mineirão atual oferece uma infraestrutura de ponta, com foco em conforto e tecnologia para o torcedor. O estádio conta com 98 camarotes luxuosos, capazes de acomodar até 2 mil pessoas, além de espaços modernos para eventos corporativos.

Para os torcedores, no entanto, a experiência no estádio vai além da infraestrutura. Rodrigo, estudante de engenharia de software de 19 anos, conta que a familiaridade com o espaço traz segurança, mas ainda vê pontos de melhoria: “Por ter ido lá tantas vezes, já decorei todos os lugares do Mineirão, o que me deixa tranquilo. Porém, penso que tem coisas a evoluir, principalmente em relação ao conforto e aos acessos de chegada e saída da região. Para mim, os principais pontos negativos do Mineirão são a localização e a grande distância entre a arquibancada e o gramado. Como positivo, eu destaco a acústica, que faz com que a festa seja muito maior, e o sentimento que estar lá me traz.”

Essa atmosfera única também é ressaltada por Felipe Pardini, torcedor do Atlético e estudante de economia. Para ele, o Mineirão representa muito mais do que apenas um estádio: “O Mineirão é a casa de todo mineiro que gosta de futebol, é um marco na cidade. Eu acho que todo mundo que gosta do Galo, até mesmo os cruzeirenses, se forma como torcedor no Mineirão. A grandiosidade dele não está só no futebol: recebe shows, tem a questão cultural da Pampulha e a esplanada aberta para as famílias e crianças. É um espaço que vai além do jogo.”

Sobre a evolução do Mineirão, o ex -jogador do Cruzeiro, Marcelo Ramos observa: “Quando joguei pela primeira vez em 1995, o gramado e o acesso ao estádio já eram diferentes do que encontrei em 1997. Aos poucos, o Mineirão foi se modernizando, com mudanças nos vestiários e nos camarotes. Hoje, mesmo assistindo como torcedor, ainda sinto a energia do estádio, mas nada substitui o que vivemos há 30 anos atrás.”

Mais do que uma arena esportiva, o novo Mineirão se tornou um exemplo de inclusão e responsabilidade social. Foram criadas salas dedicadas a públicos específicos: a Sala da Mulher, um ambiente seguro e acolhedor para mães e mulheres, e a Sala do Autista, com isolamento acústico e iluminação ajustável, projetada para garantir que pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) possam assistir aos jogos com mais tranquilidade.

Camarote do estádio mineirão para pessoas com transtorno espectro autista
Crédito: Bruna Sarnaglia

Violência e torcida única nos clássicos

Os clássicos entre Atlético e Cruzeiro, que por décadas fizeram do Mineirão um dos palcos mais vibrantes do futebol brasileiro, hoje acontecem em um cenário muito diferente. O que antes era sinônimo de arquibancadas tomadas pelas duas cores, divididas meio a meio em clima de festa, agora se resume à presença exclusiva da torcida do mandante.

A mudança não foi por acaso. A escalada da violência, dentro e fora dos estádios, somada à dificuldade de garantir a segurança de milhares de torcedores rivais em um mesmo espaço, levou as autoridades e os clubes a repensarem a dinâmica dos confrontos.

Durante décadas, a cena era quase sempre a mesma: metade do estádio tomada por atleticanos, metade por cruzeirenses. Havia também ocasiões em que o mandante ficava com cerca de 90% da carga de ingressos, mas ainda assim o visitante tinha o seu espaço garantido, reforçando a atmosfera única do clássico.

O jornalista Alexandre Simões, da Itatiaia, relembra como era a experiência de assistir aos clássicos naquela época: “O clássico, além de ser de torcida dividida, tinha um outro aspecto que era muito interessante. As duas torcidas iam e voltavam juntas ao estádio no serviço de transporte coletivo. Tinham ônibus especiais que saíam de um ponto do centro da cidade e iam para o Mineirão. Aí depois, na década de 90, começou a ter uma separação, com pontos diferentes para cada torcida, mas ainda assim com clássicos divididos.”

Segundo Simões, a separação dentro do estádio era mínima: “Eles colocavam cordas. Tinha o lado do Atlético, o lado do Cruzeiro. Não existia essa setorização como tem hoje. O Mineirão hoje tem quatro setores divididos em dois níveis, com cores, camarotes, essas coisas. Mas naquela época era basicamente a corda. O torcedor via o outro, e a briga, o xingamento, era de um lado da corda para o outro.”

A virada começou em 2010, quando o Mineirão entrou em reforma para a Copa do Mundo de 2014. Sem condições de receber grandes públicos, os jogos migraram para estádios do interior, como a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Ali, pela primeira vez, os clássicos passaram a acontecer com apenas uma torcida presente, sob justificativa de segurança.

Com a reabertura do Mineirão em 2013, a divisão voltou a ser permitida. Houve partidas até no tradicional formato 50/50, mas em muitos confrontos a torcida visitante passou a ter direito a apenas 10% dos ingressos, um sinal de que os tempos já eram outros. Simões lembra que, entre 2013 e 2022, ocorreram apenas três clássicos de torcida dividida: “O primeiro foi em 2013, depois em 2017, pela Primeira Liga, e em 2022, na final do Campeonato Mineiro. Um cenário bem curto para a história do clássico, considerando tudo que aconteceu nos anos 70, 80 e 90.”

O passo definitivo foi dado em janeiro de 2024, quando Atlético e Cruzeiro, entram em um acordo e decidem  que todos os clássicos seriam realizados com torcida única até o fim de 2025. A decisão contou com o apoio do Ministério Público e da Polícia Militar, sob a alegação de que seria a forma mais eficaz de evitar confrontos violentos.

O torcedor atleticano Danilo Rocha Passos, coordenador de Consumer e Eletrônica na Vivo, reforça essa sensação de perda: “A convivência das torcidas sempre foi tensa, mas não com a violência toda que vivemos hoje. Sempre tinham confrontos, etc. Mas acredito que as mudanças das torcidas hoje são um reflexo da sociedade atual, e um local onde tudo é descarregado com muita brutalidade. O que mais sinto falta é de poder ir com tranquilidade, do clima de paixão dos torcedores e dos clássicos de torcida dividida que eram, e espero que possam voltar a acontecer.”

Se por um lado a torcida única trouxe mais tranquilidade para as operações de segurança, por outro alterou profundamente a essência do clássico. 

“Hoje em dia, nem esse pouquinho de torcida visitante existe mais. Perdeu um pouco da essência. O futebol tem se tornado cada vez mais violento, e com isso acabam cortando liberdades. Meio que vai perdendo a essência que se tinha do futebol dos anos 70 até 90. Até a obra do Mineirão, o último clássico do velho estádio foi em 2010, ainda com torcida dividida”, observa Simões.

Setor sem cadeiras

Recentemente, foi aprovado um projeto de lei que permite a retirada de cadeiras em setores de estádios, com foco inicial no Mineirão. A aprovação, em segundo turno, na ALMG [Assembleia Legislativa de Minas Gerais] do Projeto de Lei 3.319/2025 representa um passo importante para resgatar a experiência da antiga “geral” no estádio.

Essa nova lei busca eliminar a restrição que permitia apenas 20% da capacidade total dos estádios ser destinada a setores sem assentos. A mudança atende a um antigo desejo dos torcedores, especialmente do Cruzeiro, que é o principal cliente do Mineirão. A proposta visa não apenas oferecer mais liberdade para o torcedor apoiar o time de pé, mas também tornar os ingressos mais acessíveis, com preços inferiores aos dos setores com cadeiras.

A iniciativa também traz benefícios financeiros para a administração do estádio. A quebra frequente de assentos, que gerava custos de manutenção significativos para os clubes e para a Minas Arena, concessionária do Mineirão, será evitada nesses setores. Embora a aprovação do projeto de lei seja um avanço, sua implementação depende da sanção do governador e de aprovações de diversos órgãos de segurança, como a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.

O projeto, no entanto, ainda enfrenta desafios. A FIFA, por exemplo, exige que estádios que sediarão a Copa do Mundo Feminina de 2027 tenham assentos em todas as áreas, o que pode gerar custos adicionais de retirada e reinstalação das cadeiras no futuro, já que o Mineirão irá receber jogos da Copa do Mundo Feminina de 2027.

Memória Afetiva

O Mineirão não é apenas um estádio de futebol: é um espaço carregado de memórias afetivas que atravessam gerações. Desde sua inauguração, o estádio se tornou palco de momentos históricos, vitórias memoráveis e emoções coletivas que marcaram torcedores e a cidade de Belo Horizonte.

Para Arthur Tadeu, estudante de jornalismo da PUC Minas, a experiência de pisar no Mineirão pela primeira vez é inesquecível. “O primeiro jogo que eu fui no Mineirão foi no Campeonato Mineiro, Cruzeiro e Uberlândia. A sensação mais incrível é quando você vê o gramado pela primeira vez. Para quem ama futebol, é uma sensação única que a gente leva para a vida toda”.

Larissa Rodrigues, torcedora do Cruzeiro, recorda seu primeiro jogo aos 7 anos. “Foi muito emocionante e inesquecível para mim. Não ganhamos do Atlético, mas conseguimos calar a torcida rival e fiquei ainda mais apaixonada. O Mineirão é nossa casa, onde temos história; cada conquista, cada título faz parte da identidade do Cruzeiro.”

Do lado atleticano, Rodrigo Renno e Felipe Pardini reforçam a importância do Mineirão para o torcedor do Galo. Rodrigo, lembra a nostalgia de sua infância: “O Mineirão faz parte da maior parte da nossa história. Choramos, vibramos e torcemos por muitos anos. A festa da torcida lá dentro é sempre melhor!” Ele recorda momentos marcantes, como a Final da Libertadores de 2013, que permanece viva em sua memória. 

Já Felipe Pardini, destaca a grandiosidade do estádio e sua função cultural: “O Mineirão não é só futebol. Recebe shows, tem toda a questão cultural na Pampulha, e a atmosfera muda totalmente com cânticos, bandeiras e instrumentos. Representa a minha casa, não só como torcedor do Atlético, mas como mineiro.”

Mais do que resultados ou títulos, o Mineirão se mantém como espaço de pertencimento e identidade. Cada gol, cada bandeira erguida e cada canto entoado são memórias que atravessam o tempo, formando uma ligação emocional que vai além do futebol. Para torcedores de todas as idades e times, o Mineirão continua sendo um lugar onde se vive a emoção, se compartilham histórias e se fortalece a paixão pelo futebol mineiro.

O legado do Gigante e a Esplanada

A Esplanada do Mineirão é um dos pontos mais importantes do projeto de modernização. Localizada em frente ao estádio, é um grande espaço aberto para eventos, shows e atividades de lazer. O local também abriga o Museu Brasileiro do Futebol (MBF), um espaço interativo que celebra a rica história do esporte no país. Em 2017, a Esplanada foi eleita o “Melhor Local para Show” de Belo Horizonte. Além disso, a Esplanada também oferece o Olho do Mineirão, um ponto popular para fotos e diversão em família.

A vista da esplanada do estádio mineirão, um dos pontos mais bonitos da capital mineira
Crédito: Bruna Sarnaglia

A antiga feira de carros do Mineirão, que funcionava nas proximidades do estádio, foi desativada durante a modernização e transformada em parte do espaço de convivência da Esplanada. Hoje, a área se tornou um local amplo e seguro para circulação de pedestres, eventos culturais e atividades esportivas, reforçando o papel do Mineirão como ponto de encontro da cidade, além de melhorar o acesso e a experiência de quem visita o estádio.

Curiosamente, durante a construção do Mineirão, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cedeu parte de seus terrenos para abrigar canteiros de obras e setores administrativos, mostrando como a cidade se envolveu diretamente na criação de um dos maiores símbolos de Belo Horizonte e do futebol brasileiro.

Reportagem desenvolvida por: Arthur de Pinho e Bruna Sarnaglia.

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