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Livres do Colonialismo e dominados pela globalização

No centro da imagem um homem branco de terno com um microfone no rosto faz uma apresentação olhando para o horizonte. Ao fundo na parte esquerda da imagem, há um telão com um o nome do palestrante "Ted Gola". Acima do homem está uma placa escrito "Cresça com o Google" em uma estrutura feita por canos de PVC coloridos.

Brasília sedia evento da Google sobre marketing digital - Brasília, DF, Brasil 9/5/2018 (Foto: Tony Winston/Agência Brasília)

No dia 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, Pedro de Alcântara bradava que o Brasil se tornava independente. A partir de agora, o povo brasileiro não estava mais preso às amarras de sua colônia europeia. Uma nova era se iniciava e o eco da libertação soava cada vez mais forte. Agora, imagine esta nação séculos à frente no futuro: teria ela se tornado uma potência livre do imperialismo? Ou será que ainda carrega o fardo de seu passado?

200 anos se passaram desde o dia em que D. Pedro I proclamou o grito de nossa independência e, apesar de todas as mudanças, continuamos mais dominados do que nunca. Em termos legais e para efeitos práticos, somos, sim, um país que conquistou sua independência. Encabeçada pelo príncipe colonizador e sem uma participação social tão ativa quanto nossos vizinhos latino americanos? Sim, mas ainda independentes. Fato é que, depois de dois séculos, continuamos submetidos a um imperialismo velado, transvestido de globalização e sustentado pelo capitalismo. Nada de novo sob a luz do sol, mas menos claro dessa vez.

Você já deve ter se deparado com a quantidade imensa de aplicativos e softwares que usamos diariamente para trabalhar, estudar, ouvir música, assistir filmes e até mesmo executar tarefas cotidianas. Google, Windows, WhatsApp, Instagram, YouTube e toda essa gama de programas, em sua grande maioria, são “exportados” para todo o planeta com uma propaganda exaltando a globalização, a conectividade e a acessibilidade. Tomadas como responsáveis pela democratização da informação, as plataformas são só a ponta do iceberg de um processo permanente de dependência tecnológica. 

O Brasil e outros países de terceiro mundo vivem um imperialismo velado através de todos esses cabos e redes. O sociólogo estadunidense Michael Kwet determina o sentido de colonialismo digital como uma forma de dominação política, social e econômica de outro país ou território por meio das tecnologias. Aqui isso não é diferente. Somos submetidos a equipamentos e internet de baixa qualidade. Somos bombardeados por propagandas baseadas em nossos interesses e conteúdos personalizados para se encaixar na nossa linha de pensamento. Somos dependentes de softwares e plataformas para poder executar tarefas no emprego, elaborar trabalhos escolares e interagir com nossos familiares. Parar de usar e de se atualizar com essas ferramentas pode significar ser esquecido, jogado de canto enquanto a máquina capitalista continua girando.

De toda forma, no dia 7 de setembro de 2022 a Independência do Brasil completa seu bicentenário. Uma pena pensar que depois de todo esse tempo ainda continuamos submetidos às amarras de novas colônias. Mas se ser livre da colônia é ir contra o avanço da técnica e informação, me pergunto: será que daqui duzentos anos vamos nos tornar uma potência livre do imperialismo? Ou será que ainda vamos carregar o fardo de nosso passado?

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