O curso de Jornalismo da PUC Minas, campus Coração Eucarístico, iniciou o semestre com um debate sobre o trabalho dos jornalistas em novos arranjos alternativos em relação aos conglomerados de mídia tradicionais.
O evento, que foi realizado via conferência no Zoom, em 25 de agosto, teve como convidada a professora da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Roseli Fígaro.
Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social da Cásper Líbero e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da USP, é também líder do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho na Instituição.
No debate, o enfoque da professora foi a transformação da estrutura do jornalismo e a ascensão dos oligopólios de mídia. No contexto neoliberal, em que a informação é poder, o jornalista se torna uma peça chave no jogo das grandes plataformas digitais. Assim, essa forma de organização esvazia o significado e os valores democráticos da profissão e estabelece um novo critério para a prática jornalística: o lucro. Em contrapartida, surgem os jornais independentes ou, como prefere Roseli Fígaro, os arranjos alternativos.
O que são arranjos alternativos no jornalismo?
Essas organizações, em oposição à tendência capitalista, traçam novo caminho para o jornalismo, considerado pela professora como a saída para a mercantilização do campo.
Para ela, os sujeitos atores nessa nova tendência, composta majoritariamente por jovens jornalistas, são a nova potência do jornalismo democrático e de qualidade, que se aproxima dos grupos marginalizados. Jornais independentes dão voz a comunidades antes negligenciadas e permitem a expressão da sensibilidade do jornalista e das fontes.
Por outro lado, Roseli Fígaro também tratou dos desafios dos novos arranjos e destacou a dificuldade dessas iniciativas de se manterem financeiramente. Segundo ela, o barateamento da mão de obra e a precarização do trabalho não são problemas limitados a um campo, pois afetam trabalhadores globalmente.
A questão é agravada no setor da comunicação por impôr mais um desafio aos jornalistas brasileiros. Para superá-los, a professora convocou os participantes para a importante luta coletiva pela regulamentação das plataformas de mídia e por políticas públicas que assistam esses profissionais no país.
Por fim, a professora Roseli Fígaro levantou questões fundamentais sobre o futuro do empreendimento jornalístico, sobretudo para os graduandos, que ainda não têm contato com a prática da profissão. Ao concluir, fez uma reflexão sobre as condições de trabalho do jornalista e deixou um convite para que todos se engajem na luta pelo jornalismo democrático.
Links interessantes:
- Centro de Pesquisa Comunicação & Trabalho
- Relatório de pesquisa: Como trabalham os comunicadores em tempos de pandemia da Covid-19
Texto escrito pela estudante Sarah Gonçalves Rabelo, para a disciplina de Jornal Laboratório, do 2° período de Jornalismo, campus Coração Eucarístico, na PUC Minas.