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Infodemia: como combatê-la na era da informação?

Quem nunca recebeu um grande volume de informações nas mídias sociais em um dia em que ocorreu um desastre ambiental, por exemplo? Ou quem nunca se assustou ao ligar a televisão ou o rádio e começou a ser bombardeado por uma série de notícias sobre um fato importante do momento? Provavelmente, todos nós já passamos por isso, alguns em mais ou menos quantidade.

Nos últimos anos houve um crescimento na difusão de informações por causa também das redes sociais que amplificaram esse fenômeno. Aparentemente inofensivo, o excesso de notícias, muitas vezes falsas, pode provocar graves consequências para a saúde.

O que é infodemia?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu esse fenômeno como infodemia. Segundo a OMS, a palavra se refere a “um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa”. Nessa situação, surgem desinformações, notícias falsas (fake news) e rumores que podem ser perigosos para a saúde.

A infodemia não é um fato recente, porém, com o avanço tecnológico, o crescimento da Web e o surgimento das redes sociais, esse fenômeno se alargou rapidamente, tornando-se ainda mais comum. Especialistas explicam que, em momentos de surtos, como a pandemia da Covid-19, há um grande volume de informações, acompanhado de boatos, fake news, etc.

Um relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apresentou dados de um estudo do Centro de Informática em Saúde da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, relativo à quantidade de tuítes do termo coronavírus e de palavras associadas. Segundo o estudo, em março de 2020, foram cerca de 550 milhões de tuítes dos termos coronavirus, corona vírus, covid19, covid-19, covid_19 ou pandemia.

CONTEÚDO EXTERNO: ENTENDA A INFODEMIA E A DESINFORMAÇÃO NA LUTA CONTRA A COVID-19 DEPARTAMENTO DE EVIDÊNCIA E INTELIGÊNCIA PARA AÇÃO EM SAÚDE

Ainda de acordo com o estudo, a distribuição por gênero foi quase igual, 55% dos tuítes foram enviados por homens. Com relação à faixa etária, o percentual de pessoas com mais de 35 anos de idade é de 70% de todos os tuítes gerados, em seguida são do grupo representado pelas crianças e adolescentes menores de 17 anos (20%).

A Universidade de Illinois registrou também as hashtags mais usadas durante o mês de março de 2020 relacionadas à pandemia. Segundo a instituição, as duas hashtags mais utilizadas foram #Pandemic (pandemia) e #FlattenTheCurve (achatar a curva).

As consequências da infodemia para a saúde

O excesso de informações pode gerar muitos efeitos negativos sobre as pessoas. O IORG lista sete problemas relacionados à sobrecarga de informação. Abaixo, apresentamos quatro deles.

  1. Decisões incorretas – Deixar de levar em consideração todos os fatores apropriados ao tomar uma decisão.
  2. Fadiga de decisão – Incapaz ou não quer tomar outras decisões devido à exaustão mental.
  3. Estresse – Estresse individual, geralmente demonstrado por perda de produtividade, problemas de saúde, dias excessivos por doença, depressão, hostilidade e infelicidade geral do trabalhador e do indivíduo.
  4. Perda de produtividade – A combinação de estresse, fadiga de decisão e distrações / interrupções resulta em menor produtividade do trabalhador e redução da produção organizacional.

A OMS afirma que as pessoas podem também se sentir ansiosas, deprimidas, emocionalmente exaustas e incapazes de atender a demandas importantes.

Como vencer a infodemia?

De acordo com especialistas, para combater a infodemia é preciso ter um olhar crítico sobre as notícias que chegam até nós, priorizando a qualidade da informação, e não a quantidade. Recorrer a fontes confiáveis para se atualizar do noticiário também é importante.

O relatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apresenta inúmeras dicas que podem ajudar às pessoas a combater a infodemia de Covid-19.

A seguir, veja algumas recomendações da OPAS:

• Confie na OMS
• Apoie a ciência aberta
• Confirme se a informação já foi compartilhada antes por outras pessoas
• Compartilhe informações com responsabilidade
• Denuncie os rumores prejudiciais
• Proteja a privacidade

Fake News na infodemia

Manchetes como “Vacina contra Covid-19 altera o DNA humano”, “Termômetros infravermelhos causam doenças cerebrais”, “Máscaras oferecem riscos a saúde, e “Cloroquina é eficaz para tratamento da Covid-19” foram algumas das milhares de notícias falsas espalhadas nas redes sociais durante a pandemia.

A falta de informações sobre a Covid-19 e a politização sobre a doença aumentou o compartilhamento de notícias falsas. Em março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde elevou o estado da infecção à pandemia de Covid-19, pouco se sabia sobre a doença, o que gerou incerteza em meio à sociedade civil e motivou grupos organizados a propagar informações falsas sobre a Covid-19.

Muitas das vezes, a própria família atua na divulgação de notícias falsas. Gabriel Ferreira (21), estudante de Relações Públicas, diz que durante a pandemia brigou com muitos familiares por causa do bombardeio de informações falsas em seu WhatsApp. “A gente sempre teve um grupo de família e durante a pandemia muitos parentes começaram a espalhar mensagens falsas sobre o vírus e a vacina. Sempre que enviavam no grupo uma fake news, eu trazia a informação certa logo em seguida, e isso fez muita gente brigar comigo”, relata.

Existem muitos critérios para que uma informação fake seja identificada. Segundo o jornalista Pedro Henrique Teixeira (25) é importante que as pessoas verifiquem a veracidade de todas as informações que vê na internet antes de compartilhá-las. “O que faz com que muitas pessoas acreditem em informações falsas é o compartilhamento delas sem ao menos ler antes. As fake news possuem indícios que não são verdadeiras: Geralmente possuem títulos sensacionalistas, não possuem fontes confiáveis ou até mesmo são notícias antigas que, fora de contexto, não fazem mais sentido nos tempos atuais. Recomendo também acompanhar os grandes veículos de imprensa, pois possuem anos de credibilidade jornalística.”, orienta Teixeira.

Segundo o Relatório da Organização Pan Americana de Saúde (PAHO), “a desinformação pode circular e ser absorvida muito rapidamente, mudando o comportamento das pessoas e possivelmente levando-as a correr riscos maiores. Tudo isso torna a pandemia muito mais grave, afetando mais pessoas e comprometendo o alcance e a sustentabilidade do sistema global de saúde.”. Ainda de acordo com o PAHO, as pessoas podem ajudar a combater a onda de fake news acreditando na OMS e denunciando os rumores prejudiciais nas plataformas digitais.

Várias iniciativas no jornalismo foram criadas para a verificação de notícias falsas. Listamos 4 projetos para que você conheça:

1. Comprova (projetocomprova.com.br)

A iniciativa reúne uma equipe composta por jornalistas de 28 veículos para verificar a veracidade de noticias sobre política pública e Covid-19 compartilhadas em redes sociais e aplicativos de mensagens.

2. Aos fatos (aosfatos.org)

Trata-se de uma agência de checagem de fatos. Classificam as notícias como: “verdadeiro”, “impreciso”, “exagerado”, “distorcido”, “contraditório”, “insustentável” e “falso”.

3. Fato ou Fake (g1.globo.com/fato-ou-fake)

A checagem das informações é realizada por jornalistas do Grupo Globo (Época, G1, TV Globo, GloboNews, etc).

4. Lupa (piaui.folha.uol.com.br/lupa/)

A agência Lupa é ligada ao jornal Folha de S. Paulo e foi a primeira do Brasil dedicada apenas a checagem de fatos. Sua metodologia se baseia em etiquetar as notícias em nove classificações: “verdadeiro”, “verdadeiro, mas”, “ainda é cedo para dizer”, “exagerado”, “contraditório”, “subestimado”, “insustentável”, “falso” e “de olho”.

Confira também a entrevista com a professora e pesquisadora Lorena Tárcia sobre desinformação e infodemia, no podcast Podcom:

https://blogfca.pucminas.br/colab/wp-content/uploads/2021/06/Infodemia.mp3

Reportagem desenvolvida pelos alunos Álister Paiva, Letícia Santos, Naason Galdino, Thiago Daniel e Vitor Neves, do 8° período do São Gabriel, na disciplina Narrativas Digitais.
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