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A esquerda que não teme dizer seu nome na internet

Na imagem, um computador no centro com bandeiras comunistas na tela. No lado esquerdo, um artigo de decoração e no lado direito um vaso de plantas.

Em meados de 2017, a socióloga Sabrina Fernandes já despontava como uma voz dissonante do conservadorismo tão presente nos espaços digitais. Seu canal Tese Onze, com vídeos sobre conceitos relacionados ao socialismo e ao comunismo, pavimentou o caminho para novas figuras aderirem ao bonde da influência à esquerda. Pouco a pouco, a esquerda – mais precisamente a esquerda radical – foi se conscientizando que existia uma lacuna ideológica na internet e que precisava preenchê-la.

Antes de entrar para o YouTube, Sabrina já tinha trilhado um notório percurso na academia – ela é PhD em Sociologia e Mestre em Economia Política pela Universidade Carleton no Canadá – além de ser militante marxista. Toda essa bagagem acadêmica e sua experiência com a militância contribuíram para que ela estivesse na vanguarda do comunismo na internet. Na comemoração de 300 mil inscritos do seu canal, Sabrina mostrou um forte senso de camaradagem, tipo de relação muito cara aos comunistas. Em uma live, a socióloga convidou promissores criadores de conteúdo na intenção de apresentá-los ao seu público. Naquele momento, as portas foram abertas para tantos outros se unirem na produção de conteúdo comunista.

A camaradagem tem a ver com nossa responsabilidade uns pelos outros – e nos torna melhores e mais fortes do que jamais poderíamos ser sozinhos. (Jodi Dean – Pensadora, professora de teoria política, feminista e militante comunista)

Os comunistas estão chegando?

Atualmente, os maiores cases de criação de conteúdo tratam de temas como moda e lifestyle, como a modelo brasileira Camila Coelho, que soma 9.9 milhões de seguidores no Instagram. O primeiro Censo de criadores de conteúdo no país, realizado pela Squid, revelou que a maioria dos criadores de conteúdo são mulheres, vivem no Sudeste e têm entre 24 e 29 anos.

Dentro de todas essas características e apostando em um conteúdo diferente do que se costuma ver no mainstream está a mineira Laura Sabino, de 22 anos, youtuber e militante de movimentos sociais. Laura produz vídeos para diferentes plataformas sobre o comunismo de maneira irreverente. O estopim para a jovem com aspirações revolucionárias entrar de vez para a militância na internet foi justamente  a percepção de que as mídias sociais eram um campo quase totalmente de direita. Anos atrás, ela e um  amigo criaram uma página de sátira para “ridicularizar” essas figuras. A página rapidamente fez sucesso e foi com essa primeira experiência que Laura começou a aprender com mais profundidade sobre como produzir conteúdo para as mídias sociais.

Nos idos de 2018, toda a mobilização digital dos bolsonaristas, engendrada por anos de ocupação dos espaços digitais, surtiram efeito e contribuíram para a eleição do então candidato Jair Bolsonaro. Os discursos machistas, armamentistas, e a defesa de pautas conservadoras se materializaram na figura do capitão da reserva que agora assumia o posto mais alto da República. Mas ao invés de apostar em um sentimento de derrotismo, Laura diz que “a vitória de Bolsonaro nas urnas foi um impulso para produzir conteúdo”. Ela resolveu publicar o primeiro vídeo num momento conturbado, mas oportuno: Laura havia postado uma foto com um boné cubano e recebeu uma onda de ataques da extrema direita, inclusive do falecido filósofo Olavo de Carvalho. “Eu achei que era o momento, chamei meu amigo cubano e gravamos um vídeo onde ele respondia as perguntas sobre Cuba”, relata.

Laura Sabino diz que no início dos trabalhos, quando a chamavam de youtuber, a alcunha tinha um tom pejorativo. “Essas pessoas não conseguem perceber o potencial que esse veículo tem como propaganda e agitação política, conseguem compreender a importância de entregar panfleto na porta de fábrica nos anos 1980, mas não entende a importância do trabalhador receber conteúdo no whatsapp”.

Foi durante a pandemia que Hiago Soares, 31, começou a enxergar a internet como um meio para reverberar ideais comunistas. Hiago mora em Belo Horizonte e no auge do caos sanitário tinha acabado de se formar em Filosofia pela PUC Minas. Com o avançar da pandemia e toda a catástrofe envolvendo o governo Bolsonaro, Hiago viu a oportunidade de produzir postagens expondo a má gestão do então presidente em relação à doença. A aproximação de Hiago com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e suas leituras sobre marxismo e anticapitalismo tiveram um grande impacto na vida do belorizontino. “Aquilo estava chamando a minha atenção, me movendo por dentro, me instigava e eu queria compartilhar com mais pessoas”.

Era também a época da ascensão do TikTok: borbulhavam vídeos de dublagens, dancinhas e desafios. Hiago foi de encontro aos chamados “isentões”, aquele grupo que costuma reclamar quando colocam política no meio daquilo que gostam. Foi exatamente isso que ele fez: aproveitou as maiores tendências da plataforma de  vídeos curtos e inseriu reflexões anticapitalistas, sempre com um tom bem humorado.

Hiago entende que “não existe vácuo na política, se você não ocupa alguém vai lá e toma o seu lugar”. Portanto, ignorar a internet significaria deixar de disputar espaços onde estão quase 80% da população, segundo pesquisa realizada pela RD Station em 2022. Se o objetivo é comunicar o projeto político que defende, Hiago diz que todas as ferramentas disponíveis devem ser usadas. “A internet não é a única, mas é indispensável”, completa.

A metamorfose do cenário

A chegada de influenciadores comunistas nas plataformas de mídias sociais ainda é recente, mas muitas coisas já mudaram. Laura Sabino rememora as primeiras pessoas que começaram a fazer certo barulho na internet: a já citada Sabrina Fernandes, o militante Jones Manoel e o professor Humberto Matos. Em uma a segunda onda, veio a drag queen marxista Dimitra Vulcana, o estudante e palestrante Chavoso da USP e ela própria. De acordo com ela, nesse início “era ataque quase todo dia. Já perdi a conta de quantos números e dados foram vazados”.

Esse modus operandi de silenciar os opositores através de ataques é muito comum entre a extrema direita. Uma das principais táticas é o doxxing, forma de assédio online que visa divulgar informações pessoais da vítima, que foi o que aconteceu com Laura. Apesar dos alvos normalmente serem jornalistas, como a pesquisa da Abraji indica, outras pessoas acabam sendo afetadas. “Produzir conteúdo comunista era levar [sofrer] muito ódio, virar meme, ser ameaçado”, desabafa a influenciadora.

“Produzir conteúdo comunista era levar [sofrer] muito ódio, virar meme, ser ameaçado”

Laura Sabino

De certa forma, esse começo difícil e conturbado ajudou a preparar o terreno e estabelecer espaço para que novas figuras chegassem. Laura pontua essa nova fase: “Agora, existem muitos produtores comunistas e eles são chamados para programas de grande alcance”, como o podcast Inteligência LTDA, conhecido pelo formato “mesa cast“. No ano passado, o programa convidou os historiadores marxistas Ian Neves e Gustavo Gaiofato para um papo de cinco horas que rendeu 820 mil visualizações no YouTube. 

O historiador marxista- leninista Ian Neves em entrevista para o podcast Inteligência LTDA / Reprodução: YouTube

Ian Neves faz parte do coletivo Soberana, definido como um “coletivo marxista-leninista de criadores de conteúdo”. Ian já vinha despontando como produtor de conteúdo comunista, com vídeos mais densos que aprofundam explicações sobre as teorias do comunismo e da luta de classes. No Tik Tok, vez ou outra viralizam trechos das suas lives. Com a popularização dos podcasts de entrevistas, convencionou-se chamar esses trechos avulsos de “cortes” e foi através deles que a escritora Anastácia Ottoni, de 34 anos, conheceu Ian e a Soberana. “No TikTok me deparei com um vídeo do camarada Ian Neves falando sobre um filme soviético. Achei interessante e acabei assistindo todos os vídeos do Cortes Canhotos”, ela relata. O coletivo atualmente conta com 23 membros e Anastácia não tardou em ir a fundo conhecê-los. “Amei o trampo de todes e fiquei fascinada pela possibilidade de ajudar a ocupar a internet de forma política”.

Anastácia é também escritora e lançou um livro de autoficção recentemente, ela conta que radicalizou-se ainda na adolescência quando leu Karl Marx pela primeira vez. Ainda assim, o coletivo agregou muito ao seu conhecimento, porque ela voltou a estudar as teorias. “Marxistas estão em constante formação e eu não estudava há algum tempo. Com a Soberana, passei a ter contato direto com guias de leitura, participação em leitura conjunta da comunidade e do clube do livro”, completa.

Isso porque, para além das produções de conteúdo dos membros, a Soberana tem uma comunidade sólida no Discord, aplicativo de chat e áudio popular entre gamers que também é usado como fórum coletivo de debates e partilha de conhecimento. Junto da comunidade, a Soberana organiza eventos como o Assembleia Trans ocorrida em janeiro deste ano, discussões entre membros e sessões de documentários. O objetivo é promover um espaço acolhedor para quem esteja interessado em estudar política dentro do espectro da esquerda. “Nossa comunidade entende que nem todo mundo nasce sabendo e portanto, devemos ensinar uns aos outros nessa jornada, afinal somos comunistas e acreditamos no poder da coletividade”, sintetiza Anastácia, que é uma das moderadoras do servidor no Discord.

Somos comunistas e acreditamos no poder da coletividade

Anastácia Otoni

Batalha nas trincheiras da internet

Em reportagem publicada na Folha de São Paulo, a antropóloga Isabela Kalil, Doutora em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP) fala de “mobilização dos afetos” quando se refere à estratégia da extrema direita, enquanto a esquerda, segundo ela, utiliza um “tom professoral” que afasta as pessoas de suas estratégias de comunicação – mas novos estrategistas da comunicação online à esquerda estamos desenvolvendo meios de driblar este problema.

“Lepo Lepo é o hino do proletário e eu posso provar” é um vídeo de 12 minutos em que a mineira Laura Sabino destrincha o clássico do Psirico e o relaciona com o conceito de luta de classes. Ela destaca que sua ideia sempre foi “ser simples sem ser simplista”, fazendo uso de referências da cultura pop, que estão presentes em muitos de seus vídeos porque foi a maneira com que ela aprendeu na adolescência. Laura insiste na ideia de que as redes não substituem o trabalho de base, sua intenção é produzir um conteúdo introdutório para que, a partir daí, as pessoas que a acompanham se organizem em partidos e movimentos sociais. “Inicialmente, eu não preciso citar Karl Marx pra fazer alguém perceber a exploração que o cerca. Vídeos como esse do Lepo Lepo cumprem essa função”, defende.

Encenação, figurino, narrativa, posição da câmera, trilha sonora e efeitos são alguns dos elementos que chamam atenção nos vídeos curtos que Hiago publica no Tik Tok. Entre tentativas, erros e experimentações, Hiago se debruçou para entender as ferramentas e algoritmos da plataforma até encontrar sua própria linguagem. Precisava fazer sentido para ele, mas, ao mesmo tempo, precisava ser adequado àquela mídia. Ele diz que “as pessoas curtiram a ideia de ver uma mensagem política ser transmitida com o humor e encenação”. No TikTok, ele trabalha com formatos dos mais diversificados: explicação de conceitos básicos de política, vídeos desmentindo fake news, e resposta a comentários, dentre outros. Nada escapa da busca de Hiago por ocupar a internet politicamente.

Por que o comunismo?

Laura Sabino passeou pelo liberalismo – fase que durou pouco tempo – e pela social-democracia até se entender como comunista. A virada de chave para abandonar as ideias liberais foi quando um colega de classe elogiou a ditadura militar e ela se lembrou dos relatos que ouvia sobre pessoas torturadas na sua cidade, Ribeirão das Neves. Parafraseando Paulo Freire, aquela foi uma situação-limite na vida de Laura: “eu lembrei quem eu era e de onde eu vinha”. Na fase social-democrata, Laura sabia o que era socialismo por alto, e via os comunistas como “pessoas bravas, sisudas”. Porém, sua percepção a esse respeito mudou quando teve contato com um documentário sobre Fidel Castro indicado por uma conhecida do assentamento do Movimento dos Sem Terra (MST). “Fidel aparecia humanizado, sorrindo, contando piadas. Naquele momento os socialistas não pareciam tão distantes pra mim”, declara.

Para Hiago Soares, o processo de radicalização começou em 2018, ano da eleição de Jair Bolsonaro. Ele acreditava que o presidente eleito tornaria as coisas ainda piores, e passou a se envolver com a candidatura do petista Fernando Haddad, participando de grupos de vira-votos. Apesar do Partido dos Trabalhadores (PT) ser considerado de centro-esquerda, convivem ali correntes marxistas, de quem Hiago se aproximou. “Eu achava que outras correntes tinham um discurso muito frágil, com soluções que não passavam pela mobilização popular, e estava, naquele momento, muito cansado de certos discursos que confiavam demais na democracia burguesa”, relata. Enquanto cursava Filosofia, Hiago pôde conhecer com mais profundidade as ideias de Karl Marx e se aproximou do PCB. Naquele momento, ele achava que o caminho ideal para a classe trabalhadora era uma proposta radical de ruptura com o capitalismo. “Não havia outra solução para os nossos problemas que não fosse a construção de um poder verdadeiramente popular, livre dos mandos da burguesia.”

Não havia outra solução para os nossos problemas que não fosse a construção de um poder verdadeiramente popular, livre dos mandos da burguesia.

Hiago Soares

Quando Anastácia Ottoni leu Marx pela primeira vez, ela entendeu que “o capitalismo não fazia sentido”. Muitos anos de leitura e estudos depois, ela entende que “o comunismo é o melhor presente que podemos dar para o nosso povo”. Para ela, há uma confusão em relação aos escritos de Marx sobre a tomada dos meios de produção: “Comunistas não querem roubar o carro fiat do trabalhador, nem aquela casa comprada no financiamento, o comunismo são conjuntos de princípios que visam a emancipação da classe trabalhadora”.

Embora o socialismo e o comunismo sejam ideologias políticas que têm raízes históricas comuns, eles não são sinônimos. A professora e diretora do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da PUC Minas Carla Ferretti explica que com base no pensamento de Karl Marx, o filósofo tem uma projeção de futuro na qual “a humanidade voltaria a uma condição da ausência da propriedade privada, da igualdade socioeconômica, não o fim das diferenças, mas o fim das desigualdades”. Existem três fundamentos que se encadeiam nesse futuro de sociedade pensado por Marx: a ausência da propriedade privada, a ausência das classes sociais e a ausência do Estado, em linhas gerais, este seria o comunismo. Entretanto, ainda segundo Marx, Carla pontua que para que a sociedade alcançasse esse momento perfeito precisa haver uma etapa intermediária, que seria o socialismo. De acordo com Carla, ainda existiriam classes e propriedade e classes nesta etapa, mas não do mesmo jeito que ocorre no capitalismo. A classe dominante seria o proletariado e a propriedade sairia das mãos de poucos e se tornaria estatal. Aos poucos, o proletariado agiria de forma a ocupar o Estado e eliminar de vez a propriedade e as classes.

Muitas pessoas da esquerda revolucionária também se definem como “radicais”. Por mais que a expressão seja usada nos mais diferentes contextos políticos, no caso da perspectiva da esquerda, radical é aquele que vai para a raiz segundo Marx. “É aquele que sai da superfície, sai do mundo das aparências e tenta compreender a fundo os fundamentos, a raiz deste problema”, explica Carla. Em comparação, os sociais democratas buscavam chegar ao poder usando as mesmas armas que outros partidos e correntes ideológicas usavam, como a via eleitoral. Segundo a professora, para muita gente “isso contamina o partido de esquerda, o partido comunista, o partido socialista.” O que, portanto, “não é o caminho mais adequado para se chegar ao socialismo.

A direita nas redes

Quando o assunto é internet, a direita por muito tempo teve um espaço estabelecido. Durante as últimas eleições, por exemplo, os bolsonaristas somavam 256 canais no YouTube, ante os 104 de esquerda. Para a antropóloga Letícia Cesarino, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “é relativamente normal ou esperado que essas agências que se dizem anti-sistema sejam as primeiras a estar se apropriando de uma mídia nova”. Segundo ela, a extrema direita foi pioneira nisso.

É relativamente normal ou esperado que essas agências que se dizem anti-sistema sejam as primeiras a estar se apropriando de uma mídia nova.

Letícia Cesarino

Muitas figuras da extrema direita que ganharam espaços na política devem seu sucesso à militância digital da base bolsonarista. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro disse em 2016 “estar convencido de que foi graças à rede social que conseguiu ser tão votado no Rio de Janeiro”. Letícia Cesarino entende que alguns dos méritos desses grupos são a organização e o conhecimento do ambiente digital, que tem uma lógica bem diferente da mídia pré-digital. Durante a campanha presidencial de 2018, uma das estratégias mais proeminentes da extrema direita começou a ganhar forma: “gabinete do ódio” foi como se convencionou chamar o grupo de assessores que geriam as mídias sociais do ex-presidente Bolsonaro. O grupo era responsável por disseminar notícias falsas e direcionar ataques a figuras públicas. Segundo Cesarino, o surgimento do Gabinete do Ódio “foi uma espécie de start nesse tipo de estratégia digital”. Por ser facilmente reproduzível, o modelo de militância digital criado naquele momento incentivou a militância a fazer igual e produzir seus próprios conteúdos.

Depoimento da ex- Deputada Joice Hasselmann na CPMI das Fake News, que investigava a atuação do “Gabinete Do Ódio” | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Além de movimentos organizados internamente nas instâncias de poder federal, como é o caso do Gabinete do Ódio, há também movimentos estratégicos financiados por iniciativas privadas, como é o caso da produtora Brasil Paralelo, alinhada ao bolsonarismo. Isso se deve ao fato de que a produtora pagou caro para dominar as buscas no Google, como revela o site Núcleo Jornalismo, especialista em mídias sociais e jornalismo em bases de dados. Entre o orgânico e o planejado, a impressão de Letícia Cesarino é de que, atualmente, o componente orgânico tenha alcançado a primazia. Ela pontua que Jair Bolsonaro já não é tão ativo nas plataformas como antes e, ainda assim, não há uma desmobilização de suas redes.

A professora Carla Ferretti delimita uma questão fundamental para o revolucionário Vladimir Lênin: não há espontaneidade quando se trata de revolução. De acordo com a professora, na perspectiva leninista, transformações profundas não virão pelo simples descontentamento da população. É necessário plantar ideias e fazer propaganda de natureza política. “Não é o sentido de doutrinação”, ela destaca, mas de organização para uma ação política. ”Ele acredita, inclusive, que é preciso haver uma direção para que essa ação política tome o caminho certo”.

“Se Lênin tivesse vivo ele seria TikToker” foi a frase que o historiador e membro da Soberana João Carvalho disse no podcast Desce a Letra Show para explicar que ocupar os espaços sempre esteve no horizonte dos comunistas. Antes com jornais e panfletos, agora com o Tik Tok, YouTube e Instagram.

Assim como não existe um só tipo de esquerda, também não existe só um tipo de socialismo. Ao longo da história existiram diversas experiências socialistas, bem como tantas outras correntes que se ramificaram após a morte de Karl Marx. Esses fatores dão ao assunto um alto nível de complexidade e, portanto, não seria possível encerrar o assunto por aqui. Para não cair no senso comum, confira as leituras e conteúdos sugeridos pelo Colab:

• A esquerda que não teme dizer seu nome, do filósofo Vladimir Safatle, livro que inspirou o título desta reportagem
• Dicionário de política, do filósofo político Norberto Bobbio
Glossário da Sabrina Fernandes
Léxico Marx da TV Boitempo

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