Eu estava na varanda da minha casa olhando para o céu e, de repente, surgiram diversas luzes enfileiradas. A princípio, pensei que podia ser alguma estrela, mas as luzes não sumiram e foram circulando no céu, lentamente. Gritei desesperada por meus pais e quando eles chegaram e viram as luzes ficaram assustados. Foi a situação mais louca que eu já vivi e é obvio que na hora eu já pensei que fosse um disco voador. Até hoje eu não sei o que foi aquilo, mas fico entre acreditar ser algum OVNI e, ao mesmo tempo, penso que é impossível. Cresci vendo os extraterrestres em filmes, mas sempre pensei que não passava de ficção.
Relato de Elaine Diaz de Paula, estudante de Ciências Contábeis
Você com certeza já ouviu algum parente ou amigo contando uma história inacreditável sobre ter avistado um objeto não identificado – também chamados de óvnis – no céu. Os relatos vão desde visualizar luzes piscando até histórias de pessoas que afirmam terem sido abduzidas e ficado cara a cara com seres extraterrestres.
Mas você acredita na possibilidade de existência de extraterrestres?
A existência de Óvnis voltou a ser notícia no mundo todo em 2021 depois que o Pentágono (Departamento de Defesa dos Estados Unidos) confirmou que as imagens de óvnis no céu da Califórnia divulgadas em um vídeo pelo Portal Mystery Wire são reais.
Em um vídeo de 15 segundos, é possível ver um objeto não identificado se movendo rapidamente pelo céu.
As imagens foram gravadas por câmeras com sistema infravermelho. Em abril de 2020, o governo dos Estados Unidos já havia divulgado três vídeos curtos que mostravam “fenômenos aéreos não identificados”. A informação contava ainda com uma declaração da Marinha dos EUA que confirmavam a veracidade das imagens.
Contudo, para o pesquisador na área de ufologia Albert Eduardo, esses vídeos de objetos não identificados não são novidade, apenas se tornaram mais “retumbantes” por terem sido divulgados pelos os Estados Unidos.
Albert, que há mais de 30 anos pesquisa o aparecimento de óvnis, conta que outros países como França, Irã e Canadá já divulgaram informações sobre a identificação de discos voadores e não ganharam tanta notoriedade. Entretanto, ele afirma que não há a menor dúvida de existência de vida fora da Terra e, no caso dos vídeos, a pergunta que fica é “o que os extraterrestres querem aqui no nosso planeta? ”.
Após as imagens divulgadas pelo Pentágono, você acredita na possibilidade da existência de extraterrestres? Em geral, para a maioria das pessoas acha que essas histórias de seres extraterrestres e óvnis não passam de mitos.
Você se recorda do famoso caso do ET de Varginha?
Há 25 anos atrás, a cidade do Sul de Minas Gerais foi palco dos estudos da ufologia mundial, após três garotas afirmarem ter ficado frente a frente com um ser extraterrestre. O caso ganhou mais consistência depois que a comunidade ufológica disse que as Forças Militares do Brasil teriam capturado duas criaturas de outro planeta e as estariam mantendo escondidas para análises necrópsicas. Contudo, a história virou conto popular e hoje é relembrado como nada mais que uma história engraçada.
Além disso, crescemos vendo os extraterrestres sendo retratados em filmes como seres de constituição física bizarra que se deslocam com discos voadores através dos planetas. Com isso, é muito comum pensarmos que a vida fora do planeta Terra não se passa de ficção e invenção cinematográfica.
Vida fora da Terra
Enfim, o tema, em si, é complexo e já desperta intensa curiosidade, especialmente por tocar em um ponto que tem inúmeras possibilidades de interpretação, A VIDA. E neste caso, a vida fora da terra. Mas, apesar do tema ser muitas vezes negligenciado e tratado com superficialidade, a ciência nos apresenta diversos aspectos que podem ajudar a compreender se a vida extraterrestre é algo incogitável ou real.
Para tentar entender o que a ciência diz sobre a vida extraterrestre, nós conversamos com Ademar José Gevaerd, um dos ufólogos brasileiros mais reconhecidos no país e também internacionalmente, e fundador-presidente do Centro de Pesquisas de Discos Voadores.
Segundo ele, a ciência ainda não confirma a existência de extraterrestres, mas continua buscando esta confirmação: “A ciência anda neste terreno com todo o cuidado! A ciência busca a existência de vida fora da terra, nem que seja microbiológica, quem dirá então, humana, inteligente…” afirma o ufólogo.
Foto: Ademar José Gevaerd – Redes Sociais
Para Ademar, enquanto os seres humanos estão investindo muito dinheiro e tecnologia na busca de vida fora da terra, os extraterrestres estão pousando aqui, em nosso quintal.
Quanto a estas supostas visitas de extraterrestres em nosso planeta, o ufólogo explica que eles não são nem do bem e nem do mal, mas agem igual os seres humanos se comportam no estudo da vida fora da terra:
Essas outras civilizações mais avançadas que existem por aí tentam fazer exatamente a mesma coisa, só que elas estão há décadas, séculos, milênios a nossa frente. Então, elas já conhecem a estrutura do universo, já fazem suas pesquisas. Alguns tem uma atitude benevolente com o ser humano, e algumas tem atitude beligerante com o ser humano.
Ademar José Gevaerd, ufólogo
Mas quem pensa que Gevaerd é apenas um pesquisador, aí vem um spoiler: ele não fica só no ramo da teoria, não! O ufólogo conta que também teve experiências com objetos voadores não identificados.
“Eu tive dois avistamentos: um deles em 1992, no deserto de Nevada, nos Estados Unidos, próximo da Área 51; e outro em 1997, com uma equipe da Rede Globo no Pantanal, Matogrosso do Sul, região do Rio Negro. Foram só avistamentos de luzes. Agora, sobre casos de avistamentos eu já conheço milhares” relata o ufólogo.
Seriam os Terráqueos os donos do universo? Ou dividimos espaço com outros planetas?
Sabemos que o Heliocentrismo subverteu a ideia de que o homem é o centro do universo há muitos anos. Como o cientista Carl Sagan explica em “Cosmos”, os seres humanos e toda a matéria resultante de bilhões e bilhões de anos de evolução são apenas poeira cósmica. As partículas elementares do universo surgiram há 13,5 bilhões de anos a partir do Big Bang. Desde então, a grande estrutura universal está num contínuo processo de expansão.
Seria então muita prepotência acreditar que toda a vida se concentrou em apenas um “pálido ponto azul”?
Religiões divergem sobre o tema também. Os budistas acreditam que todos os seres vivos estão conectados por uma grande rede cósmica. O cientista Sagan também aceitava essa ideia ao afirmar que a totalidade da existência é um “subproduto” da desintegração de estrelas. Se olharmos o universo sob essa perspectiva, e praticarmos o que os budistas chamam de distanciamento do “eu”, perceberemos que as probabilidades de existir vida fora da Terra são consideravelmente altas.
Um exemplo disse é a descoberta da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos), que já encontrou mais de 4 mil exoplanetas (planetas que orbitam outras estrelas solares). A agência acredita que alguns podem abrigar vida. Nos próximos anos, a construção de super telescópios e de satélites mais potentes permitirá que encontremos — ou não — sinais de atividade biológica nos exoplanetas já identificados — e nos que ainda serão registrados.
Em nosso próprio sistema solar também pode haver vida para além da Terra. Foi identificada em Europa e Titã (luas de Júpiter e Saturno, respectivamente), por exemplo, a existência de água em estado líquido (uma das condições essenciais para o surgimento da vida na Terra).
Assista à entrevista do dono do canal Space Today, Sérgio Sacani, ao Flow Podcast e saiba mais sobre esta descoberta.
Mas, afinal, o que seria essa vida extraterrestre?
Nós conversamos também com o professor do Departamento de Física da UFMG e diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), Wagner Barbosa, sobre a possibilidade de vida fora do nosso planeta.
Ele explica que “uma coisa importante a destacar é que a gente sempre pensa em vida extraterrestre como a nossa. Um simples organismo unicelular já significa vida”.
Como ressalta o professor, se considerarmos os extremófilos (seres que conseguem sobreviver em condições extremas), a possibilidade de existir organismos vivos fora da Terra aumenta ainda mais.
Confira a entrevista com o professor Wagner Barbosa (UFMG) sobre o tema:
Uma das principais teses aceitas pela comunidade científica é a de que o universo está num contínuo processo de expansão. Ainda que a maior parte do universo seja matéria escura, é possível haver um outro “Planeta Terra”?
É muito provável. A cada dia descobrimos exoplanetas em torno de estrelas dos mais variados tipos. Matéria escura e energia escura compõem grande fração do conteúdo do Universo, mas os planetas são matéria bariônica, do mesmo tipo do nosso. Essas coisas não se misturam no que concerne à possível existência de vida extraterrestre.
A Nasa acredita que alguns dos mais de 4 mil exoplanetas já encontrados podem abrigar vida. O senhor concorda com a tese segundo a qual exoplanetas com a composição parecida com a da Terra — em termos relativos —, mas com distâncias diferentes de seus respectivos sóis, podem abrigar — ou já ter abrigado — vida?
Eu acredito que sim. Baseado no fato que a química da vida terrestre é estruturada no Carbono, elemento mais abundante do Universo e que a base ACGT (adenina, citosina, timina, guanina) tem uma probabilidade grande de ocorrência. As diferentes distâncias importam relativamente, porque vai depender muito do campo de radiação da estrela mãe e do entorno dela. Se fosse um sistema binário de estrelas esperaríamos menos. De toda sorte, a própria descoberta de exoplanetas aconteceu de situações inesperadas. Um planeta do tamanho de Júpiter, mais perto da estrela do que um planeta como a Terra.
Além de água em estado líquido, quais são as condições essenciais para que um exoplaneta suporte a vida?
Olha, tem de pensar não apenas em água, porque tem os extremófilos.
O senhor poderia explicar por favor o que são “extremófilos”?
Extremófilo é um organismo que consegue sobreviver em condições físicas extremas, onde a vida similar à que existe na Terra seria virtualmente impossível. São micróbios!
Professor, qual a influência dos campos magnéticos sobre a vida como a conhecemos?
Um dos fatos principais vem da condição de que as partículas carregadas interagem com o campo magnético. No caso da Terra, o campo magnético ajuda a evitar um fluxo intenso de partículas vindas do vento solar ou do meio interestelar de atingirem a atmosfera terrestre e arrancar as partículas que compõem a atmosfera e necessariamente nos blindam da radiação mais extrema, como raios-X e ultravioleta.
Reportagem desenvolvida pelos alunos Edson Cerqueira, Pedro Bessa, Raíssa de Oliveira e Yann Costa Santos, do 8° período da PUC - São Gabriel, na disciplina Narrativas Digitais.