Na vida, enfrentamos diversas fronteiras. Desde fronteiras físicas que nos impedem de entrar em lugares, até fronteiras metafóricas, que podem nos impedir de alcançar nossos objetivos. Na internet das conexões plataformizadas, mais um tipo de fronteira surge: a fronteira digital. Ela traz preocupações antigas em novos formatos e reflete nosso mundo, mas por um espelho distorcido.
Com o crescimento do digital, as fronteiras geográficas se enfraquecem e podemos conquistar novos espaços com um clique na tela. A consolidação da internet como parte da vida de boa parte dos habitantes do Planeta trouxe um sentimento esperançoso de que tal ferramenta traria apenas benefícios, conexões e atalhos para o mundo, facilitando a comunicação entre culturas, ou melhor, quebrando as fronteiras da distância. Dentre os segmentos beneficiados, estaria o mercado de trabalho. A introdução do trabalho digital se deu por meio da promessa de melhores condições e salários, horários mais flexíveis e adequação das tarefas à vida do empregado. Porém, já não é com surpresa que observamos que essa lógica do trabalho digital tem malefícios e o que foi vendido como resposta, na verdade se tornou o problema.
Apesar de ser inegável que o digital trouxe novas fronteiras, segundo o pensamento budista, onde há mal também há bom. Aqueles que souberam se aproveitar dessa nova ferramenta para explorar novos territórios se deram muito bem – e um forte exemplo disso é a Coreia do Sul e sua onda Hallyu. Mesmo que o projeto de incentivo a cultura já existisse antes da era digital, foi nela que os coreanos encontraram seu auge, levando a cultura do país para todo o mundo – não apenas com o K-pop, que conquistou o coração dos jovens, mas também com a culinária e o cinema. O exercício do soft power pelo governo coreano levou seu povo a expandir as fronteiras culturais e quebrar barreiras que pareciam estar consolidadas apenas para a cultura estadunidense. A Coreia conquistou espaço na tela e na mente das pessoas – e essa nova fronteira cultural parece que veio para ficar.
Em um contexto de forte globalização e digitalização do mundo, lutas históricas podem parecer estar resolvidas e superadas. Porém, as fronteiras sociais às quais estão submetidos diversos grupos periféricos e subalternizados ainda são realidade no mundo todo, inclusive no Brasil. O racismo, por exemplo, sempre criou barreiras para pessoas negras e as exclui ou diminui dos espaços que deveriam ser de todos. No esporte, isso não seria diferente. Para expandir as fronteiras delimitadas pelo preconceito devemos manter acesa a discussão sobre o racismo no futebol e ouvir relatos daqueles que foram limitados pela discriminação.
Passando por diferentes tipos de fronteiras, literais e metafóricas, três equipes de estudantes de Jornalismo da PUC Minas dedicaram-se ao longo do semestre 2022/1 a produzir reportagens especiais para um dossiê temático. O projeto busca levantar discussões e reflexões sobre quais fronteiras permanecem e quais devemos combater, ou lutar para que sejam alteradas. Parece clichê afirmar que regras são feitas para serem quebradas, porém, é essencial lembrar que as vivências mudam e, junto delas, muda também a sociedade.
Ao longo desta semana, as reportagens especiais serão publicadas aqui no site do Colab e convidamos você, leitor, a visitar as páginas e compartilhar nossos conteúdos, colaborando para a valorização do Jornalismo e a formação de estudantes que acreditam na força dos relatos jornalísticos para conscientizar e mudar o mundo – uma fronteira de cada vez.