O Carnaval de 2025 movimentou não apenas as ruas de Belo Horizonte, mas também um setor que vive um processo de transformação: os motéis. Tradicionalmente associados a encontros íntimos, esses estabelecimentos vêm se reinventando, adotando tecnologia, conforto e estratégias digitais para atrair novos perfis de clientes. A chamada “nova motelaria” vem ganhando adeptos em todo o território nacional e representa as mudanças que o setor moteleiro que tem passado nos últimos anos, seja em questões estéticas, de governança, na automatização dos processos, entre outros aspectos. Em resumo, é um modelo de gestão que visa a qualidade de vida dos casais/clientes. A localização central dos estabelecimentos é um dos diferenciais para quem viaja a trabalho ou para eventos.
Muitos motéis adotaram as medidas impostas por esse novo conceito a fim de melhorar a qualidade do serviço prestado. Hoje em dia é muito mais fácil encontrar motéis com serviço de reserva automatizado, cardápio por QR Code, promoções via redes sociais e muito mais.
Além disso, outra mudança que vem ganhando cada vez mais força são as suítes instagramáveis. Se no passado as pessoas queriam “esconder” que estavam frequentando motéis, atualmente, esse estigma vem sendo quebrado, e as pessoas estão preferindo motéis que se preocupam com a estética para mostrar aos seus seguidores, o que contribui com a propaganda positiva do seu estabelecimento, de acordo com a Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis).
Segundo a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), o número de foliões no estado subiu de 12 milhões em 2024 para 13,2 milhões neste ano. Em Belo Horizonte, o público passou de 5,5 milhões para 6 milhões. Essa movimentação também se refletiu na motelaria.
Marcelo Augusto Campelo, diretor da ABMotéis em Minas Gerais, revela que o setor teve o aumento de 7% na quantidade de hóspedes e de 12% no faturamento durante o Carnaval em BH, em comparação com o ano anterior. Para ele, os resultados superaram as expectativas. A presidente-executiva da ABMotéis, Larissa Calabrese, também confirma o impacto positivo: segundo ela, o crescimento nacional variou entre 7% e 10% durante o feriado.
Novo perfil de hospedes
O público dos motéis também tem mudado. Pesquisa da ABMotéis, realizada em 2023, aponta que clientes mais jovens buscam suítes com recursos tecnológicos, automação, hidromassagem e até boates privativas. Para atender essa demanda, muitos estabelecimentos têm investido em infraestrutura.
Hoje, 85% do público é formado por casais em relacionamentos estáveis — sendo 28% de namorados e 60% de casados. A faixa etária predominante é entre 30 e 39 anos, enquanto pessoas entre 50 e 65 anos são minoria. O Instagram tem se consolidado como o principal canal de busca por informações sobre motéis, sendo utilizado por 47% dos clientes — bem à frente das pesquisas em buscadores tradicionais, que representam apenas 8%. As redes sociais têm sido uma vitrine para os motéis apresentarem seus diferenciais e mudarem a percepção do público, mostrando-se como espaços de conexão e experiências positivas entre casais e hospedes para motelaria.
A transformação do setor
A chamada “nova motelaria” se caracteriza pela modernização e pela diversificação dos serviços. Estabelecimentos que investem em tecnologia, segurança e conforto têm se destacado no mercado. Por outro lado, aqueles que não acompanham as tendências podem perder espaço.
Preparação para a COP30
A reinvenção do setor também mira eventos internacionais. Em 2025, o Brasil sediará, em Belém (PA), a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que deve reunir mais de 40 mil visitantes nos principais dias do evento, segundo estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Cerca de 7 mil desses participantes devem integrar a chamada “família COP”, composta por representantes da ONU e delegações de países membros.
Ricardo Teixeira, diretor da ABMotéis no Pará, afirmou que a Capital Belém (PA) e região metropolitana, conta com cerca de 2.500 quartos em motéis, sendo que 550 já estão separados para o período da conferência. Entre as adaptações para esse novo público, está a inclusão de uma cama de solteiro nos quartos, a fim de evitar constrangimentos para equipes que compartilham o espaço — já que os motéis, em geral, oferecem apenas camas de casal.
Outras mudanças incluem armários para roupas, cofres, serviço de café da manhã e limpeza dos quartos, serviços que tradicionalmente não fazem parte da estrutura dos motéis. Segundo Teixeira, o objetivo é aproximar a experiência à de um hotel, sem abrir mão de algumas vantagens, como a privacidade, a possibilidade de fumar no quarto e a garagem individual.
A evolução da motelaria reflete mudanças no comportamento do consumidor e nas formas de consumo de hospedagem. Com foco na experiência, inovação e adaptação às demandas de novos públicos, o setor, que fatura cerca de R$ 4 bilhões por ano segundo a AB Moteis, projeta um futuro de crescimento e diversificação, cada vez mais integrado ao mercado do turismo e dos grandes eventos.
Divulgação – Fly Motel