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Como fugir do cancelamento das redes sociais?

Antigas normas morais e diversos outros costumes vem se alterando ao longo do tempo e se desconstruindo lentamente. Nesse contexto, influencers e celebridades devem tomar cuidado com o que publicam e com o que falam, para que não sejam “cancelados” nas redes sociais e acabem prejudicando suas carreiras.

Mas o que seria esse “cancelamento”? A cultura do cancelamento é um fenômeno moderno no qual uma pessoa ou grupo é expulso de uma posição de influência ou fama devido a atitudes consideradas questionáveis. É basicamente o ato de protesto que acaba – por vezes – no linchamento virtual.

As redes sociais, neste contexto, acabam agravando uma situação que parecia ser simples, como por exemplo, alguém não gostar de uma música ou estilo musical, ou até mesmo quando alguém diz que prefere tal coisa em detrimento a outra. O que seria um espaço para interações entre pessoas, acaba se tornando um ambiente de xingamentos e discurso de ódio. Pudemos perceber isso nas últimas eleições em que o nordeste e os nordestinos foram alvos diários de ameaças, discurso xenofóbicos e racistas.

Quando alguém é cancelado, ele acaba virando centro de atenções e acaba ganhando destaque nas mídias (obviamente pelo lado negativo). Não é incomum que quando alguma celebridade é cancelado, os haters procurem postagens antigas para reviver antigas polêmicas, utilizando-as para atacar estes influencers.

Esse comportamento acaba gerando alguns desdobramentos, um deles é o prejuízo financeiro. Muitas vezes o público ameaça deixar consumir produtos ligados à aquela celebridade, assim, forçando com que os patrocinadores se posicionem contra ou até mesmo que cessem seus contratos. Além do prejuízo financeiro há ainda o prejuízo de carreira, já que aquela pessoa ficará marcada para sempre por aquele episódio negativo e por mais que ela tente dar a volta por cima, sempre alguém lembrará daquele momento. Além desses prejuízos, ainda existem as consequências psicológicas que podem gerar depressão profunda , ou seja, a tal cultura do cancelamento é extremamente tóxica e proporciona vários desdobramentos mentais.

Como gerenciar uma crise de cancelamento

Gerenciamento de crise é importante para pessoas e empresas como um todo. É um consenso na área da assessoria de imprensa que a administração de crise é uma parte crucial para qualquer assessoria. Portanto, a Professora da instituição PUC Minas, Luciana Fagundes, comentou alguns pontos relevantes sobre esse tipo de gestão.

O cancelamento é, sobretudo, uma crise. Para a pesquisadora, são muitos os estudiosos que estudam crises e seus impactos para organizações e pessoas públicas. Segundo Frank Corrado, uma crise pode ser um “acidente” ou uma “emergência” que apresenta uma grande ameaça para os envolvidos. Elas podem acontecer de várias formas, como um acidente ou apenas um erro na comunicação de alguma pessoa e/ou empresa, de qualquer forma elas são danosas para a imagem das pessoas, são dramáticas e muitas vezes também são traumáticas.

Professora Luciana Fagundes em sala de aula / Revisya PUC Minas – Reprodução

Mas por que as crises acontecem? Que tipo de fatores levam ao cancelamento? Para Luciana a resposta está no fato de estarmos mais críticos – no bom sentido – sobre algumas pautas, principalmente se elas forem de cunho social, como racismo, xenofobia, misoginia, homofobia, entre outras tantas.

“O cancelamento acontece quando alguém identifica uma publicação nas redes sociais e a considera ofensiva, posicionando-se de forma enfática contra a postagem”, afirma a professora. Com isso, o efeito é como uma bola de neve, em que os ataques a uma pessoa cresce cada vez mais com comentários de pessoas que compartilham da opinião contrária a da pessoa cancelada.

“Há uma intolerância muito grande também com posicionamentos públicos contrários à imagem que foi construída pelo digital influencer e ou celebridade em foco”, ressalta.

Fagundes ainda cita casos de influenciadoras e celebridades como Gabriela Pugliesi e da cantora Karol Conká, que foram canceladas massivamente nas redes sociais por conta de atitudes e posicionamentos que iam contra a própria imagem que construíram nas mídias.

E se eu for cancelado?

De certa forma, o mais recomendado a se fazer é prevenir-se sempre, ter bom senso, coerência e empatia. Contudo, se ainda acontecer o infortúnio de um cancelamento, o importante é ficar calmo e agir de forma proativa e cuidadosa. Algumas dicas importantes:

1- É importante entender a quem sua opinião ofendeu.
2- Observar qual foi o público que começou o movimento de cancelamento.
3- E principalmente: “Seja humilde, transparente, objetivo, assuma o erro e se desculpe publicamente. Comprometa-se com a mudança!”, diz Luciana.

Sabemos que o cancelamento tem diversas facetas, mas também sabemos que existem proporções diferentes para casos diferentes. A proporção para uma figura pública, por exemplo, é diferente da de uma empresa. “No que concerne às figuras públicas, o que se percebe em alguns casos é um verdadeiro “linchamento virtual”, muitas vezes avançando para um discurso de ódio, com agressões verbais e ameaças à integridade física da pessoa e familiares.” Ressalta a professora Luciana.

O linchamento virtual pode acarretar em questões de adoecimento mental e até perdas financeiras. Já no âmbito empresarial há bastante queda nas vendas, na qual a compania fica com uma má reputação além da perda de confiança dos clientes. “Um bom processo de gestão de crise é fundamental, na reversão desta realidade.”, adverte!

Se falarmos de mudanças, Luciana é enfática sobre como poderíamos contornar a situação dos cancelamentos. Neste sentido,é importante levantar possíveis fontes do problema, e definir ações de comunicação. “E em algum lugar deixar claro que as palavras preconceituosas serão apagadas.”

Ainda que seja difícil prevenir, a professora ainda comenta que há formas de evitar o cancelamento: “Ser coerente, empático e também, politicamente correto, pode contribuir para a construção de uma imagem pública robusta e evitar possíveis crises”, finaliza.

“Ser coerente, empático e também, politicamente correto, pode contribuir para a construção de uma imagem pública robusta e evitar possíveis crises” Luciana Fagundes.

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Conteúdo produzido por Bianka Reinhardt e Mathias Samer na disciplina Laboratório de Narrativas Digitais, sob a supervisão da professora e jornalista Maiara Orlandini

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