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Como cuidar da saúde mental durante o período de isolamento?

Se o tema é saúde mental, a depressão e ansiedade já são consideradas o mal do século. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 350 milhões de pessoas são afetadas pela depressão em todo o Planeta. Embora existam tratamentos para a doença, os obstáculos são grandes. Falta de recursos e de profissionais capacitados para lidar com o assunto, além do preconceito social, são barreiras encontradas por pessoas que sofrem de transtornos mentais. 

Durante a pandemia do novo coronavírus, o isolamento social tem desencadeado sintomas como a ansiedade em diversas pessoas. Cuidar da saúde mental durante este período é essencial para evitar que transtornos psicológicos mais graves apareçam.

Em busca de equilíbrio

A médica mineira Camila Caires revelou que está buscando adaptar a rotina para que a experiência seja mais tranquila para suas filhas pequenas. 

“Aqui em casa estamos variando as brincadeiras, minhas filhas estão deixando a imaginação fluir, já brincamos de tanta coisa… Já teve show de talentos, festa junina antecipada, construímos casa de papelão com caixa de fraldas, muitos desenhos, historinhas inventadas e baseadas em livros que colecionamos, já brincamos de casinha e faz de contas, jogos… enfim, precisamos ter criatividade e animação!”.

O psicólogo Flávio Torrecillas também ressalta a importância em explorar todos os espaços de nossas casas para criar outras formas de interação com a família. 

“Estamos usando todos os cantinhos do nosso apartamento. Já improvisamos barracas com lençol apoiado nas cadeiras de jantar e muitos outros artifícios. Aproveitar a família tem sido o que há de melhor neste momento. Nunca estivemos tão próximos e tão unidos. Temos rezado muito em família e isso nos aproxima e nos fortalece demais”, conta Camila Caires. 

Saúde mental no trabalho

O perigo dos transtornos psicológicos não afeta somente as pessoas que estão em isolamento social. Profissionais que trabalham em contato com outras pessoas também têm o psicológico abalado. A comissária de bordo Rayane Isabelle, que mora em Dubai, sente os efeitos da pandemia afetarem seu trabalho e o contato com a família. Ela reforça que morar longe da família faz com que o isolamento seja ainda mais difícil. 

“A pandemia afetou totalmente meu trabalho pelo fato do meu emprego ser resumido em levar as pessoas aos seus destinos, em que temos contato com pessoas de todos os lugares. Afetou tanto ao ponto de não sabermos qual será o nosso futuro na empresa. Não é como outras empresas, em que há a possibilidade de fazer home office. Dependemos totalmente dessas pessoas que estão em casa se recuperando, se resguardando”. 

Para ela, a parte mais difícil é não saber qual será o futuro de sua família: “Caso aconteça algo, não terei oportunidade de pegar um avião e ir para casa. Mas, como lidar? Ler um bom livro, ligar para a família todos os dias, pensar em coisas boas e ter muita fé”, conclui. 
Tendo em vista esta situação, o  psicólogo Flávio Torrecillas escreveu um Manual de Sobrevivência para o Colab, com sugestões e cuidados que devemos tomar durante este período para garantir a  saúde mental.

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Manual de sobrevivência

O Brasil é, hoje, o país mais ansioso do mundo. São mais de 18 milhões de pessoas sofrendo desse mal no país, e estima-se que cerca de um milhão de pessoas se suicidam todos os anos, no mundo todo.

A vida nos obriga, neste momento de isolamento, a enfrentarmos nossos problemas, cuidar da saúde mental e a viver dentro de nós mesmos, usando nosso tempo para o que realmente deveria nos importar. A crise de fora nos trouxe para uma crise de dentro, o fantasma de cada um foi trancado consigo mesmo dentro de suas casas, onde alguns conseguem exorcizá-los, outros não.  

“Eu sempre digo que o que nos torna mais fortes é a capacidade de aceitarmos as nossas fraquezas, somente assim podemos enxergar a real necessidade de lutar contra essa força, que nos carrega para o lado mais sombrio da vida. Não adianta fingir que a dor não existe. Fugir faz com que o problema não seja resolvido, além de ser cada vez mais alimentado”. – Flávio Torrecillas, psicólogo

O cenário exige calma e equilíbrio, e podemos ser solidários com pequenas ações, ter compaixão e buscar amparo. Antes de tudo, é preciso estar bem para poder cuidar de alguém, então, a primeira necessidade é cuidar de nós mesmos.

“Mesmo sabendo nadar já é perigoso tentar salvar alguém em pleno afogamento, agora, imaginem tentar salvar sem saber nadar. Não podemos dar ao outro aquilo que não temos e saber o próprio limite é fundamental”, orienta Torrecillas.

É preciso ter coragem para enfrentar a si mesmo e coragem não é ausência de medo, é com medo mesmo que a gente aprende a construir nossa coragem. É permitido ter medo, é permitido chorar, é permitido sofrer, isso não é sinal de fraqueza. Fraqueza é não permitir o sentimento sair por medo de não saber lidar com ele.

O isolamento pode trazer longos momentos de solidão, sentimentos de baixa auto estima, ansiedade, paranoia, nervosismo, agitação, necessidade de ver e ouvir informações a todo instante sobre o vírus. O padrão de funcionamento de cada pessoa muda, ela passa a ter dificuldade para realizar as mesmas tarefas diárias que antes não tinha, e pensar demais na doença pode trazer à tona um medo desproporcional ao momento vivido, ampliando o mal-estar e alimentando a ansiedade. A orientação do psicólogo é para dosar até o volume de informações:

“Questione mais, abasteça-se de notícias uma vez ao dia, procure fontes confiáveis, divulgue apenas o necessário para o entendimento de cada um, não precisa mentir para ninguém, mas não precisa assustar todo mundo também, o excesso não irá deixar ninguém mais informado, vai apenas deixá-lo em pânico”.

“Tenho visto em consultório maneiras incríveis que cada um encontra para lidar com esse sentimento. A maioria das pessoas tem feito grupos em plataformas digitais para se comunicar com os amigos online, marcam de beber, jogar, comer juntas e até mesmo de assistir as lives dos famosos, juntos, porém, agora de modo virtual. Vejo uma necessidade de as pessoas estarem mais próximas de quem realmente importa. Antes, as redes sociais afastavam as pessoas que estavam juntas e, hoje, estão aproximando”. 

É muito importante criar uma rotina diária, fazer atividade física, reestruturar projetos. O real e o ideal são completamente diferentes nesse momento. Precisamos construir um equilíbrio entre o lazer e o dever para que o sentido seja reconstruído também, afinal, não estamos de férias. 

“O cenário é realmente muito triste e muito novo para todos nós, a vida vai perder o sentido por um instante para muitas pessoas, e é por isso que é tão necessário buscar ajuda profissional. Hoje, existem várias plataformas de atendimento online, e essa tem sido uma excelente oportunidade para se cuidar sem sair de casa, e para cuidar de alguém a gente precisa estar bem também”.

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Certamente, as sugestões e soluções propostas são boas maneiras para lidar com a pressão diante deste perigo invisível. Porém, o acompanhamento psicológico é indispensável em casos de persistência de sintomas depressivos. 

Em casos de ajuda psicológica, entre em contato: 

Clínica de Psicologia PUC Minas

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