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100 anos do Patrono da Educação Brasileira

Paulo Reglus Neves Freire, também conhecido como Paulo Freire, foi um grande professor e intelectual brasileiro, conhecido internacionalmente por sua pedagogia de ensino, e conscientização e prática emancipadora dos oprimidos. Seu trabalho e sua pesquisa com educação são referências internacionais: Freire é um dos autores mais citados das Ciências Humanas em todo o mundo, apesar de ser considerado subversivo para grupos políticos no Brasil.

Sua trajetória começa em Recife, Pernambuco, em 19 de setembro de 1921. Filho de um policial militar e de uma dona de casa, Freire vivenciou as dificuldades de uma família pobre desde jovem, e foi o único dos quatro irmãos que teve oportunidade de se dedicar aos estudos. Apesar de ser formado em Direito pela Universidade de Recife, agora conhecida como Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a profissão que exerceu durante a vida foi a de professor.

Em 1944, Paulo Freire se casou com a professora Elza Maia Costa de Oliveira, que também dedicou sua vida à educação. Elza contribuiu para as teorias das práticas freireanas e também foi responsável pela inserção da arte-educação nas escolas do Brasil. O legado de Freire também se deve às contribuições de sua primeira companheira!

Elza Maia e Paulo Freire

Elza Maia faleceu em 1986. Paulo Freire se casou novamente com Nita Freire, mestre e doutora em Educação que, em 2007, publicou o livro Paulo Freire: Uma história de vida, obra que conta a vida de Freire pelo olhar de quem o conhecia muito bem.

Nos anos 1950, Paulo Freire teve contato com a educação de jovens e adultos quando trabalhou no Serviço Social da Indústria (SESI), ocupando o cargo de Diretor do setor de Educação e Cultura. À época, percebeu que o método de ensino utilizado com adultos deveria se dar de maneira que o conteúdo estudado se encaixasse no contexto sociocultural dos alunos. Além disso, Paulo Freire defendia uma prática de ensino horizontal, em que o professor e o aluno fossem ambos mestres e aprendizes, por meio do diálogo e da convivência. Tal prática educativa seria reconhecida como uma pedagogia popular anos mais tarde.

No início dos anos 1960, o método Paulo Freire, como ficou conhecida sua pedagogia, foi colocado em prática na cidade de Angicos, em Pernambuco, onde 300 adultos foram alfabetizados em 40 dias. Naquele período, analfabetos não podiam votar e, com a educação popular, passavam a  participar ativamente da política local. Foi então que João Goulart, o então Presidente, propôs a Paulo Freire que realizasse um Plano Nacional de Alfabetização. Na década de 1960, a taxa de alfabetização no Brasil era de 60%, segundo o censo do IBGE.

Contudo, em 1964, devido ao Golpe Militar, Paulo Freire ficou preso por 72 dias e, logo depois, foi exilado do país. Sua pedagogia foi taxada, pelos grupos da direita autoritária, de doutrinação marxista e subversiva. Freire foi chamado de perigoso, inimigo do povo brasileiro e de Deus. Logo ele, que era  assumidamente cristão.

Durante o período em que esteve exilado, Freire morou em países como Chile, Bolívia, Estados Unidos e Suíça. Foi no período do exílio que escreveu Pedagogia do Oprimido (1968), sua obra mais famosa, que só foi publicada no Brasil em 1974. Nesse período, também, lecionou em Harvard, nos Estados Unidos, além de ter sido consultor educacional em diversos países, inclusive do continente africano.

Quando voltou ao Brasil, 16 anos depois do exílio , Paulo Freire ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) e continuou lecionando na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre 1989 e 1991, foi Secretário de Educação no município de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (antes, do PT, agora, do PSOL).

Paulo Freire morreu no dia 7 de maio de 1997 e deixou um legado de esperança para os oprimidos – e um exemplo para educadores que acreditam que o conhecimento deve ser libertador. 

Para conhecer mais sobre o pedagogo mais conhecido do Brasil e sua pedagogia de ensino, escute o episódio do mês de setembro do ColabCast.

Reportagem e podcast desenvolvidos por Bárbara Faria, Helena Fernandes Tomaz e Giovanna de Souza, monitores de Jornalismo do Colab. 

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